Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Notícias

Mercado interno puxa recuperação da indústria em 2009


Produção cresce pelo 10º mês seguido em outubro, impulsionada principalmente por veículos e linha branca

estadao.com.br e Jacqueline Farid, da Agência Estado

RIO – Os segmentos com produção voltada para o mercado interno estão exercendo papel preponderante na recuperação da indústria ao longo de 2009, segundo destaca a gerente de análises da coordenação de indústria do IBGE, Isabella Nunes. Ela sublinhou que os segmentos que apresentam maior crescimento na produção em outubro de 2009 ante dezembro do ano passado (pico da crise para o setor industrial) têm relação direta com o mercado doméstico, como veículos automotores (107% de aumento na produção em outubro ante dezembro); material eletrônico e equipamentos de comunicações (90,8%); mobiliário (38,4%); borracha e plástico (33,5%) e máquinas e equipamentos (19,7%, com influência de eletrodomésticos da linha branca).

Isabella explicou que, apesar da expansão ante dezembro do ano passado, todos os segmentos ainda estão em patamar de crescimento inferior ao de setembro do ano passado, último mês de crescimento acelerado do setor industrial antes do início dos efeitos da crise sobre o setor.

Em outubro ante setembro, a produção industrial cresceu 2,2% na série com ajuste sazonal, puxada principalmente pelas categorias de bens de capital e bens de consumo duráveis, que registraram ambas expansão de 5,9% ante o mês anterior. Trata-se do 10º mês seguido de crescimento nesta base de comparação.

Ante outubro do ano passado, contudo, a produção da indústria registrou queda pelo 12º mês seguido, de -3,2%. Esta foi, porém, a menor retração neste período, o que reflete a consolidação do setor observada deste o início de 2009. No ano, a produção do setor acumula queda de 10,7% e em 12 meses, recuo de 10,6%.

O aumento no ritmo de atividade em outubro foi disseminado entre a maioria dos setores industriais, atingindo 21 dos 27 ramos pesquisados, de acordo com o IBGE. O desempenho de maior importância veio de veículos automotores (11,2%). O segundo maior impacto foi dado pelos alimentos, que subiram 3% em outubro ante setembro, impulsionados sobretudo pelo açúcar.

A principal contribuição de queda ante mês anterior, por outro lado, foi dada por outros produtos químicos, cuja produção caiu 1,9% e, segundo Isabella, esse segmento, que abrange muitos produtos, está devolvendo crescimentos de meses anteriores e prossegue em trajetória de expansão.

Considerado o principal indicador de tendência, o índice de média móvel trimestral da produção industrial registrou alta de 1,8% no trimestre encerrado em outubro ante o terminado em setembro. A variação do índice foi exatamente igual à apurada no trimestre encerrado em setembro ante o terminado em agosto. Para a gerente de análises do instituto, Isabella Nunes, essa variação similar mostra que “o ritmo da indústria se manteve” de um mês para o outro.

Bens de consumo duráveis são destaque

Na comparação com outubro do ano passado, apenas a categoria de bens de consumo duráveis registrou alta, de 2,8%, na produção. Com esse desempenho, segundo o IBGE, o setor interrompe doze meses de taxas negativas, impulsionado, sobretudo, pela maior fabricação de automóveis, que registrou 9,7% de expansão, após um ano em queda. A produção de eletrodomésticos (4,5%) também avançou em relação a outubro de 2008, especialmente influenciada pela “linha branca” (27,1%), que cresce há seis meses.

As demais categorias, além de bens de capital (-16,8%), registraram queda: bens intermediários (-2,5%) e bens de consumo semi e não duráveis (-0,7%). Em outubro ante setembro, todas as categorias de uso registraram alta na produção. Além de bens de capital, houve expansão em bens intermediários (1,2%); bens de consumo duráveis (5,9%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,3%).

Revisão para cima

O IBGE também fez uma revisão no resultado da produção industrial de setembro em relação a agosto, de +0,8% apresentado anteriormente para +1,8%. Segundo a gerente de análises do instituto, Isabella Nunes, a revisão foi provocada pela introdução de novos dados na série com ajuste sazonal e, ainda, por mudança no resultado dos bens intermediários. Houve ainda uma pequena revisão no resultado da produção em agosto ante julho, de +1,2% para +1,3% e de julho ante junho (+2,2% para +2,4%).