Analistas preveem corte de até um ponto na taxa Selic
DA REPORTAGEM LOCAL
Se nas últimas semanas os indicadores sobre a economia dos EUA e da Europa eram os que monopolizavam as atenções dos investidores, na próxima são dados que dizem respeito ao Brasil os mais esperados.
Amanhã, sai a variação do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre deste ano. No último de 2008, foi registrada retração de 1,3% ante o mesmo período de 2007 e de 3,6% na comparação com o trimestre anterior.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já admitiu que a economia do país pode ter encolhido nos três primeiros meses de 2009, o que significaria uma recessão, a qual é caracterizada por dois trimestres seguidos de queda do PIB, segundo a definição tradicional.
Os analistas de mercado estimam que a baixa da economia no primeiro trimestre deste ano tenha sido de até 2% ante o quarto trimestre do ano passado e de até 2,8% na comparação com o primeiro de 2008.
Na quarta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informa a medição do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) para maio. Em abril, a inflação havia ficado em 0,48% e os economistas esperam que tenha recuado ligeiramente, para 0,45%, no mês passado.
O comportamento dos preços deve avalizar uma nova redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central). Em queda desde janeiro, a taxa se encontra atualmente em 10,25% ao ano. Os analistas de mercado estão divididos sobre o tamanho do corte que será anunciado na quarta, após a reunião de dois dias: as apostas são de 0,5 ponto percentual a um ponto.
“Julgamos que o senso de urgência [em reduzir os juros para tentar reaquecer a economia] dos encontros anteriores não existe mais e que os sinais recentes de recuperação poderão compensar parcialmente o impacto negativo que a confirmação da ocorrência de recessão técnica terá entre os agentes. Ademais, os estímulos monetários concedidos até o momento ainda não foram incorporados à economia, algo que deve se intensificar daqui por diante”, diz Jankiel Santos, economista-chefe do BES Investimento, em relatório enviado a clientes, justificando a sua previsão de corte de 0,75 ponto percentual.
O feriado de Corpus Christi na quinta-feira encurta a semana do mercado financeiro -o número e o volume de negócios devem ficar bem abaixo da média de um dia normal na sexta, que concentra os indicadores econômicos internacionais de destaque no período.
A China informa as vendas no varejo em maio e a produção industrial do mesmo mês. Como o país compra muita matéria-prima (minério de ferro, por exemplo) e alimentos do Brasil, o andamento da sua economia mexe com o humor dos investidores locais. As empresas ligadas ao setor de commodities têm grande peso na Bovespa. Além disso, um volume de exportações elevado empurra as cotações do dólar contra o real para baixo.
Nas últimas semanas, a agressiva política de estímulo adotada pelo governo chinês tem garantido uma certa estabilização do ritmo da atividade no país, contendo a forte queda registrada no início do ano.
A zona do euro também apresentará os números a respeito da sua produção industrial em abril e a Universidade de Michigan divulga o resultado da sua pesquisa sobre a confiança do consumidor dos EUA -espera-se que tenha subido de 68,7 pontos no mês passado para 69,5 pontos em junho. (DENYSE GODOY)