“A fala desastrosa do presidente da CNI propondo uma jornada semanal de 80 horas com 12 horas diárias de trabalho, logo após a reunião com o governo no último dia 08 de julho, mostra bem o custo que o apoio ao pato da Fiesp pode acarretar para os trabalhadores. Foi o que já avisamos aqui. Não pense que o pessoal que financiou o impeachment , fez isso por amor à pátria. A intenção desse pessoal é só defender seus interesses próprios, às custas dos direitos trabalhistas e sociais da população.
A postura do presidente da CNI evidencia bem porque o Brasil se afunda numa crise econômica que penaliza o país. Nossa classe empresarial ainda possui uma mentalidade muito retrógrada que só pensa em tirar proveito de situações difíceis para se favorecer, mesmo que isso custe o sofrimento da exploração alheia. Isso está mais evidente agora com o patronal deixando cair a mascara e usando e abusando do oportunismo da crise como desculpa para atacar os direitos dos trabalhadores acabando com benefícios e diminuindo salários. Além de querer aumentar a jornada, ainda querem que o trabalhador se aposente mais tarde. Ou seja, os caras querem que o trabalhador fique inteiramente à sua disposição, independente de ter família ou vida particular. Praticamente uma volta às condições de escravidão do século 19.
A desculpa para tais medidas seria que isso aumentaria a competitividade das empresas. Ora, mais uma balela para tentar se aproveitar da situação. É fato que competitividade não se faz com o fim de direitos e diminuição de salários. Competitividade se cria investindo na qualificação da mão de obra, na justa remuneração do trabalho, na melhoria da relação capital x trabalho. Isso é que vai produzir um ciclo positivo de competitividade. Isso é que vai fazer com que o funcionário vista a camisa da empresa. É uma formula que está em qualquer manual de administração básica.
O nosso problema é que a grande parcela do empresariado brasileiro não que enxergar isso. Para ele fazer investimento no empregado é gasto. Uma postura vergonhosa. Enquanto o país tiver um patronal com uma mentalidade atrasada assim vai continuar comendo o pão que o diabo amassou. E nós vamos ter que continuar lutando para que nossos direitos sejam preservados. Todo nosso repúdio à proposta da CNI. Não vamos aceitar o ataque aos nossos direitos! Estamos na luta”.
Sérgio Butka
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba