“Antes de tudo, gostaria de saudar e agradecer aos companheiros da FNPR da Rússia pela acolhida e organização deste importante evento, e através do companheiro Mikhail Shmakov, cumprimentar as delegações sindicais da China, Índia, África do Sul, e os representantes das centrais brasileiras presentes neste importante Fórum Sindical dos BRICS, aqui na cidade de Ufá”
Companheiras e companheiros,
Como temos afirmado dito em outras ocasiões, a globalização tem desencadeado uma série de mudanças de grande amplitude e impactos para os trabalhadores e a comunidade global.
A abertura econômica e as novas tecnologias criaram um mundo interconectado que visa à interdependência crescente no domínio das relações econômicas, (comércio, investimentos, finanças e organização da produção a escala mundial), além da maior interação social e política entre nações, organizações e indivíduos no mundo inteiro.
O processo de globalização econômica é um assunto que divide opiniões no que diz respeito à vantagens auferidas ao desenvolvimento dos países, mas que, indubitavelmente, carrega impactos negativos em matéria de distribuição de renda, pobreza, desemprego, migração, informalidade e exclusão social.
Na verdade, a organização sindical, os direitos sociais e as conquistas dos trabalhadores estão sob ataque sistemático em quase todos os países, sob o pretexto de superar a crises e oxigenar o modelo neoliberal decadente!
Desde nosso ponto de vista, a redução dos salários, conquistas e direitos sociais, o desmonte do Estado de bem estar social, atinge não somente as gerações atuais de trabalhadores e aposentados, compromete o futuro das novas gerações, o que, portanto, é inaceitável.
No Brasil, após um longo período de ditadura militar (1964–1985), extremamente difícil para os trabalhadores (as) e a sociedade, podemos afirmar que o país tem avançado significativamente nos últimos vinte cinco anos.O processo de redemocratização, estabilidade econômica, o aprofundamento e investimento nos diversos programas sociais, tem melhorado o emprego, a distribuição da renda e fortalecido a nossa economia e instituições democráticas.
Nesse sentido, a Força Sindical, tem contribuído decisivamente para a implantação, manutenção e ampliação dos direitos sociais e conquistas dos trabalhadores e da sociedade brasileira.
Nos últimos anos, vimos desenvolvendo um importante trabalho de unidade de ação sindical em conjunto com as demais centrais sindicais brasileiras com propostas de interesse comum para os trabalhadores e o processo de fortalecimento sindical em nosso pais.
Com a unidade do movimento sindical brasileiro conquistamos aumento real de salário na maioria dos acordos coletivos no Brasil, uma política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, o reconhecimento das centrais sindicais. Atualmente, nossa luta para é para impedir o aprofundamento do processo recessivo e a implementação de políticas de ajuste macro-econômicos que atentam contra os direitos dos trabalhadores, numa ofensiva capitaneada pelo atual Governo, pela maioria parlamentar e pelo empresariado.
Gostaria de reafirmar aqui a importância do processo de integração dos BRICS não somente para os países diretamente envolvidos mas, também, para os demais países em desenvolvimento pois, no contexto da geopolítica mundial e diante do fracasso do modelo econômico e a crise de governança global, tal iniciativa reforça elementos positivos e a melhores práticas no sentido de se construir alternativas de desenvolvimento econômico, político e social.
A consolidação dos BRICS é um elemento fundamental na democratização das relações internacionais e no reforçamento da multipolaridade. Consideramos o novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Arranjo Contingente de Reservas (ACR) como instrumentos vitais para a efetiva transformação da atual arquitetura econômica internacional. Estas novas instituições devem vir também para o benefício dos trabalhadores e para a promoção de um desenvolvimento sustentável.
A cooperação e participação sindical no processo constitui parte fundamental do intercâmbio entre os povos dos BRICS, e instamos aos Chefes de Estado e Governo a reconhecer o nosso Fórum – o Fórum do BRICS Sindical – como um espaço institucional dentro da estrutura oficial do BRICS. Expressamos assim nossa expectativa em receber o mesmo tratamento dispensado ao Conselho Empresarial, tendo nossa conferência incluída como parte do programa oficial das futuras Cúpulas Presidenciais.
Consideramos que as Centrais Sindicais dos BRICS deveriam estar representadas nos diversos grupos de trabalho, incluindo no Banco de Desenvolvimento dos BRICS, de forma a garantir que a dimensão da participação social seja fortalecida. Entendemos que através da oficialização de um espaço laboral será possível formular propostas e compromissos intergovernamentais relevantes sobre os temas do mundo do trabalho, em consonância com a Declaração de Sanya (2011) referente aos diálogos em torno da proteção social e do trabalho decente.
A nossa atuação como movimento sindical internacional nas Conferências Internacionais da OIT, no G20 e nos BRICS, tem demonstrado a nossa capacidade de articulação e contribuição nos avanços na aprovação de convenções, recomendações e convênios importantes sobre as trabalhadoras domesticas, trabalho infantil, trabalho forçoso, informalidade, emprego para os jovens e piso mínimo de seguridade social.
Companheiras e companheiros,
Sabemos que o sistema financeiro internacional, as multinacionais e as práticas de comércio desleais buscam dividir o movimento operário e sindical e forjar falsos confrontos entre os trabalhadores no plano internacional. Como resposta e para enfrentar esses desafios, os sindicalistas e os trabalhadores dos BRICS devem fortalecer ainda mais a unidade de ação sindical para avançar na luta em defesa da democracia política, dos direitos sociais e trabalhistas, do trabalho decente e de melhores condições de vida e trabalho para todos.
A Força Sindical estende a todos os participantes e ao povo russo, nosso abraço fraterno e solidário em nome dos trabalhadores e do povo brasileiro.
OBRIGADO!
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
Presidente da CNTM