Azelma Rodrigues, Valor Online, de Brasília
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) voltou a apontar queda de confiança e aumento no pessimismo do consumidor para este ano de crise econômica global. O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec) recuou 3,2% no primeiro trimestre do ano sobre o quarto trimestre de 2008, acumulando retração de 8,1% desde setembro e o pior desde setembro de 2005.
A percepção mais negativa é sobre as perspectivas de manutenção de fonte de renda das famílias (emprego) e sobre o comportamento do bolso ou caixa de cada consumidor, o que reflete, diretamente, a queda na atividade econômica desde setembro de 2008.
O indicador que avalia a situação financeira foi um dos piores, com queda de 3,9% na comparação com dezembro. Já o índice de endividamento caiu 2,7% na mesma comparação, revelando aumento de dívidas, segundo a CNI.
O levantamento realizado entre 11 e 15 de março apontou que o Inec ficou em 106,3 pontos, ante 109,8 pontos em dezembro. É o mais baixo desde o terceiro trimestre de 2005, quando registrou 105,7 pontos. O Ince mede as expectativas sobre a inflação, renda, situação financeira, endividamento e compras de maior valor.
Para o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco, a queda por dois trimestres consecutivos mostram piora na percepção sobre a crise global. “Foi um ajuste em linha com a realidade de agravamento da crise e o reconhecimento dos impactos na economia brasileira”, disse ele.
O indicador sobre inflação teve alta de 1,4% sobre o trimestre anterior, de 102,8 para 104,2 pontos. Nesse caso, porém, é sinal de melhora na visão sobre o comportamento dos preços. Sobre o desemprego, a sondagem apontou aumento nos temores da população quanto à perda de fonte de renda. O índice registrou retração de 4,2%, saindo de 105,6 para 101,2 pontos, com queda de 19,8% quando comparado a março de 2008 (126,2 pontos). Na questão da renda própria, houve diminuição de 1,3%, também o segundo trimestre seguido de recuo, de 112,4 para 110,9 pontos. O índice que reflete as perspectivas de gastos mais elevados com aquisições de bens de maior valor apontou queda de 6% ante dezembro de 2008, saindo de 115,4 para 108,5 pontos.