Fonte: O Liberal (Belém/PA)
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Miguel Torres: retrocesso à luta laboral
Representantes da Força Sindical Nacional estiveram na capital paraense, ontem, para se reunir com lideranças regionais e debater sobre a renovação das Medidas Provisórias 664 e 665, que alteram as regras do seguro-desemprego, abono salarial, seguro-defeso, pensão por morte, auxílio-doença e auxílio reclusão. A classe trabalhadora e as centrais sindicais estão se mobilizando, no Congresso Nacional, contras essas MPs, aprovadas pela presidente Dilma Rousseff, que restringem uma série de direitos e benefícios dos trabalhadores.
Para o presidente da Força Sindical Nacional, Miguel Torres, as medidas dificultam o acesso aos direitos trabalhistas conquistados, além de representar um retrocesso à luta laboral no País. Ainda segundo ele, a classe trabalhadora brasileira sequer foi chamada para discutir as mudanças.
“Estamos em uma peregrinação em todos os estados porque a crise está se instalando no Brasil. Trata-se de uma crise sem precedentes, que atinge toda a sociedade e a confiança dos investidores. Então, estamos percorrendo o País para avaliar as demandas regionais, até porque todas as medidas tomadas pelo governo não têm planejamento”, avalia Torres.
Afirma Torres que as medidas provisórias apresentadas dificultam ou retiram parte dos direitos dos trabalhadores, sobretudo, porque retroagem em alguns pontos do seguro-desemprego e impõem limites ao valor das pensões e ao seguro-defeso. “São medidas perversas, a nosso modo de ver. Por isso, as centrais sindicais brasileiras rejeitam essas medidas”, declara.
“Outro grave problema que temos hoje é a taxa básica de juros, a Selic, que atualmente está em 12,25%. Em 2013, esse percentual era de 7,25%. A questão é que o aumento da taxa Selic provoca a retirada de dinheiro do mercado e da indústria de forma geral. Com a atividade industrial reduzida, há desemprego. Então, estamos levando essa discussão a Brasília”, frisa.
Miguel Torres sugere que algumas ações poderiam ser adotadas pelo governo para impulsionar a economia, sem estrangular a classe trabalhadora. “Taxar as grandes fortunas, algo que ninguém nunca teve coragem de fazer, é uma alternativa; assim como, as remessas de lucro enviadas ao exterior. Outra medida simples é a taxação de iates e aviões particulares, que hoje estão livres de qualquer imposto. Em contrapartida, pagamos IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) de carros e motocicletas”, ponderou.