Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Massa de rendimentos pode crescer 5,9% no ano


De São Paulo

Se por um lado os acordos salariais estão em alta e há elevação na folha de pagamento real por trabalhador neste ano em relação a 2009, os ganhos de produtividade vão muito além. Há setores em que a produtividade teve avanço superior a 27% entre os primeiros quatro meses deste ano sobre igual período do ano passado, enquanto os salários, na mesma comparação, perderam 2,4% de valor. Entre os 15 segmentos industriais levantados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em apenas três a folha de pagamento real por trabalhador superou os ganhos de produtividade quando se compara os dois quadrimestres de cada ano.

Como consequência da rápida recuperação do setor de bens de capital, produtor de máquinas e equipamentos, sua produtividade cresceu 25% entre janeiro e abril deste ano sobre igual período do ano passado. Na mesma comparação entre o primeiro quadrimestre deste ano sobre 2009, a folha de pagamento real por trabalhador no setor caiu 0,4%. No segmento de máquinas e aparelhos elétricos e eletrônicos, onde os salários subiram 7,2% no período, o ganho de produtividade foi o dobro. 

Diferença semelhante ocorre no setor de metalurgia básica, tradicional segmento do parque industrial brasileiro. Enquanto a folha de pagamento real por trabalhador caiu 2,1% entre janeiro e abril deste ano sobre igual período de 2009, a produtividade se ampliou em 25%. “Os setores que apresentam a maior diferença são justamente os que mais cortaram produção durante a crise e que depois, a partir do fim do ano passado, voltaram com força”, diz Flávio Castelo Branco, diretor da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Para ele, é o aumento da produção e a retomada dos investimentos que explicam o salto na produtividade. “A folha de pagamento real não acompanhou porque a indústria não cortou mão de obra na mesma medida que derrubou a produção durante a crise”, avalia Castelo Branco, para quem a diferença entre produtividade e salários tende a se reduzir.

Os produtores de máquinas e equipamentos e também de material elétrico e eletrônico perderam clientes com o mergulho na demanda externa e a inicial timidez do mercado interno, que passou a responder com força a partir de meados do ano passado. “Por isso, setores que dependem mais do mercado doméstico perderam menos produção e cortaram menos pessoal que aqueles mais dependentes de demanda externa”, diz o economista da CNI.

É o caso da indústria têxtil, que teve caminho inverso ao dos demais segmentos analisados – a produtividade tombou quase 2%, enquanto os salários aumentaram 1,1%. Para Castelo Branco, esses números demonstram que a “indústria não se desfez dos trabalhadores na medida que foi dito”. Além disso, destaca, a recuperação dos salários tende a manter aquecida a demanda interna, sustentando a produção.

“A massa de rendimentos está se ampliando de maneira acelerada, mas não é algo inédito”, diz Fábio Romão, economista da LCA Consultores. A massa total de rendimentos, que compreende os salários e os rendimentos oriundos de benefícios previdenciários, cresceu 5,6% em 2007 e 5,4% em 2008, anos de crescimento elevado do PIB – situação semelhante a deste ano, quando o PIB deve passar por alta superior a 6%. Romão estima que a massa total de rendimentos passará por elevação de 5,9% neste ano, recuperando o ritmo de crescimento perdido em 2009, ano contagiado pelo abalo produzido pela crise mundial. (JV)