Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Martinha participa de reunião de dirigentes sindicais e convoca trabalhadores para assembleia no dia 6

Descontente com o rumo das negociações com os sindicatos patronais, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá decidiu abrir um canal direto com as empresas de sua base para discutir um acordo para os trabalhadores.

Nesta sexta, dia 6 de novembro, o Sindicato realiza assembleia para decidir os próximos passos da campanha salarial. As nossas principais reivindicações são reajuste salarial de 10% e redução da jornada para 40 horas.

“Estamos em negociação permanente com o Grupo Sindipeças e 19-3. E a falta de visão dos nossos patrões é assustadora. Investir nos salários e na motivação dos metalúrgicos é essencial para garantir a qualidade, a produtividade e a competitividade mundial”, diz Cícero Martinha, presidente do Sindicato. Nesta quarta, dia 4 de novembro, a Federação dos metalúrgicos reuniu os dirigentes sindicais de todo o estado para uma avaliação da campanha.

Por Assessoria de Imprensa
Andressa Besseler

 

Foto de Ricardo Flaitt

Martinha, presidente do Sindicato de Santo André e Mauá,
crítica a visão dos patrões que não querem investir nos salários
e na motivação dos metalúrgicos

Opinião:
Superada a crise, é hora de desenvolver  a indústria com salários decentes

Por Cícero Martinha

Volto de uma visita à Itália, na região de Marche, onde existe um dos mais desenvolvidos polos tecnológicos do mundo. A viagem fez parte das articulações que realizamos para a implantação do Polo Tecnológico do ABC. Fiquei impressionado com o potencial que podemos transferir para o Grande ABC e super sensibilizado com a nova visão que os italianos e europeus em geral têm agora do Brasil.

Já somos o futuro. E todos nos indagam sobre nossas riquezas e sobre a qualidade de vida dos trabalhadores nas fábricas. Já nos vêem como um Brasil essencial para o desenvolvimento mundial.

Mas toda viagem tem a volta. Chego aqui e me deparo com um documento produzido pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) do governo federal que mostra que “sem a indústria não existe crescimento para valer”, de acordo com a análise do economista Leonardo Carvalho.

Que nos ensina que “as economias que tiveram expansão anual do PIB superior a 5%, de 1970 a 2007, foram aquelas cuja proporção da indústria de transformação no valor adicionado cresceu 2,5 pontos percentuais ou mais”.

Ou seja, após ter vivido o futuro na Itália e termos o Brasil reconhecido como uma das mais importantes regiões de geração de riqueza no planeta, me vejo, junto com os companheiros e companheiras de Santo André e Mauá, às voltas com a nossa campanha salarial.

Estamos em negociação permanente com o Grupo Sindipeças e 19-3. E a falta de visão dos nossos patrões é assustadora. Investir nos salários e na motivação dos metalúrgicos é essencial para garantir a qualidade, a produtividade e a competitividade mundial.

Em vez de os patrões apostarem no que há de mais moderno no mundo em termos de negociação, se escondem atrás da crise que foi superada com a participação direta dos trabalhadores brasileiros que não se intimidaram e mantiveram o consumo.

Os empresários com os quais negociamos fazem toda a encenação para continuar a proteger a lucratividade do passado, se esquecendo que se apostarmos todos juntos no futuro, os ganhos serão muito maiores e para todos nós, sociedade, empresas e trabalhadores.

Na próxima sexta-feira temos mais uma Assembléia da Campanha Salarial. Esperamos que seja a definitiva. Vamos nos encontrar e vou aproveitar para dividir, com todos vocês, o que aprendi nesta viagem à Itália.

Temos a responsabilidade de ajudar a consolidar o Pólo Tecnológico do ABC. E é nosso dever mostrar para os patrões que acreditamos, de verdade, no futuro do Brasil e na indústria instalada na região.

Se os patrões preferem se manter cegos, nós trabalhadores vamos provar com muita negociação e mobilização que acreditamos, como o resto do mundo, que o Brasil está preparado para o presente e para o futuro.

Cícero Martinha, presidente do Sindicato