João Guilherme Vargas Netto – consultor de entidades sindicais de trabalhadores
Em matéria de página inteira no Valor do dia 9 de agosto a jornalista Marli Olmos escreve que “novo capítulo de incentivo a montadoras faz renascer debate sobre benefícios ao setor”.
Mas o que quero ressaltar na edição é o mapa em que se apresenta o quadro das montadoras atuais no Brasil: 20 montadoras, 27 fábricas em 22 cidades de oito estados.
Além da complexidade do setor e das contradições entre as empresas, reportadas pela jornalista no texto, o mapa revela o alcance das representações sindicais no setor, com duas dezenas de sindicatos filiados a federações, confederações, centrais sindicais e à industriAll.
Levando em conta a relevância do setor na indústria, o número e concentração de trabalhadores envolvidos diretamente e toda uma cadeia produtiva associada, proponho que as discussões sobre os incentivos tenham a participação forte do movimento sindical além das já em curso com iniciativas patronais, regionais e singulares.
Isto poderia ser feito em uma primeira etapa com a realização de uma reunião de todas as entidades sindicais das bases onde haja o trabalho de montadoras. A reunião, presencial e virtual, aprovaria uma pauta mínima das direções sindicais sob o lema geral “Subsídio com contrapartida”, a mais importante sendo a garantia de emprego.
Na preparação dessa reunião, que envolveria o trabalho unitário de todas as direções sindicais, o DIEESE deveria ser convocado a produzir uma atualização da real situação do setor: empresas e fábricas, número de trabalhadores, acordos e convenções coletivas vigentes, número de associados aos sindicatos, produções efetivas por modalidade, cadeias produtivas locais, logísticas envolvidas, legislações estaduais diferenciadas e, para sintetizar, o consolidado dos resultados entre o início dos subsídios na década de 1990, estaduais e federais, até hoje.
Os resultados dessa reunião e a pauta unitária estabelecida seriam de molde a qualificar os esforços permanentes das direções sindicais em suas discussões com o patronato, com as forças políticas, com o governo e com a sociedade na luta pela valorização do emprego e do salário e na luta pela industrialização do país.