Fonte: Agência Estado
Quando mais jovem, Mileide Monari Pedroso ficava fascinada durante as visitas que fazia à fábrica da Ford, em São Bernardo, onde o pai trabalhava. Achava aquele mundo “fantástico”, como define, mas não via a linha de montagem como um futuro profissional. “Não havia mulheres nem mesmo na área de limpeza”, lembra ela.
Mileide trabalhou como recepcionista de hospital e no setor de degustação de um supermercado. Fez faculdade na área de Recursos Humanos e há dois anos foi contratada como montadora na Ford, após ser indicada pelo pai e passar em vários testes. Hoje, aos 27 anos, ela prepara os automóveis para receber as rodas e o freio de mão.
“No começo, muitos achavam que nós, mulheres, não daríamos conta do serviço”, lembra ela, cuja maior dificuldade no dia a dia da fábrica é manter o silêncio. “Eu falo demais e aqui não pode, pois é preciso concentração no trabalho.”
No setor em que trabalha há cerca de 50 homens e duas mulheres. Mileide compõe a massa de quase 350 mil mulheres metalúrgicas identificadas em estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), mão de obra que cresceu 96% em uma década.
Em 1999, elas eram 176,6 mil no setor. Já o número de homens cresceu 72% no mesmo período, para 1,76 milhão de trabalhadores.
Foto de Iugo Koyama
Clementino Vieira, presidente da CNTM
“Muitos empregadores chegaram à conclusão de que as mulheres são mais caprichosas e mais produtivas que os homens”, diz o presidente da CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos), Clementino Vieira, cuja entidade ligada à Força Sindical encomendou o estudo.
De acordo com o levantamento, as mulheres correspondem a 16,4% da força de trabalho metalúrgica. A atuação delas é maior nos ramos de fabricação de máquinas, equipamentos, materiais elétricos, veículos e autopeças.