Embora o campo de batalha das “deformas” seja o Congresso Nacional, as tropas mais aguerridas envolvidas nela são as do movimento sindical que tem pequena representação congressual.
A conjuntura hoje caracteriza-se pela concentração de forças dos dois campos em choque, com o governo utilizando-se de todos os recursos à sua disposição para arregimentar parlamentares nas duas casas e com o movimento sindical reafirmando sua posição unitária de resistência com mobilizações e manifestações no Congresso, na vida das entidades, em suas bases e na sociedade com a palavra de ordem de “nenhum direito a menos”.
Do desfecho desta luta dependerá, além do resultado final para as “deformas” (derrota ou vitória, mudanças significativas ou mudanças acessórias) o padrão de comportamento do que sobrar do governo Temer. Passada a refrega, inaugurar-se-á (viva a mesóclise!) uma nova conjuntura que será claramente uma conjuntura pré-eleitoral rumo a 2018, com a Constituição.
Ambos os “estados maiores”, o do governo Temer e o do movimento sindical disputam sua relevância na História; para o movimento sindical não há hipótese de vitória de Pirro; ela mesma seria uma derrota.
Duas cogitações fazem-se presentes. A primeira é a necessidade de continuarmos a valorizar a jornada do dia 28 de abril, ainda incompreendida e subavaliada em franjas do movimento e objeto de qualificações esdrúxulas pelos adversários. Ouçamos o próprio presidente Temer em sua entrevista no jornal O Globo em 12 de maio: “como nesse último momento em que houve o que chamaram de “greve” – porque não foi uma greve, foi uma atitude que paralisou boa parte do país”, entenda-se lá o que isto quer dizer.
A falta de uma coordenação efetiva de comunicação das centrais e de seus aliados fez com que, até hoje, não exista balanço pormenorizado e factual da jornada do dia 28, embora a CUT tenha feito uma tentativa a quente de quantificar as manifestações e greves, totalizando o número de trabalhadores paralisados em 40 milhões.
A outra cogitação diz respeito ao cuidado efetivo pela unidade de ação do movimento, que deve se fortalecer apesar das peripécias da batalha – principalmente com a grande marcha do dia 24 de maio a Brasília – e manter-se forte mesmo na futura conjuntura que surgirá do desfecho da luta.
João Guilherme Vargas Netto, consultor sindical