Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Artigo

Mais magro, mais ágil

João Guilherme Vargas Netto,
consultor de entidades sindicais de trabalhadores

Durante os últimos anos os jornalões sistematicamente noticiaram uma pessoa submetida ao mais severo regime de fome e agora, feita a pesagem, descobriram que ela emagreceu. Não é de se espantar, mesmo porque devido ao rigor do regime a novidade é que a pessoa continue viva.

Eis uma comparação com as últimas notícias sobre a queda da sindicalização no Brasil.

Com efeito, depois do cavalo de pau em 2015 com o desemprego em alta, a informalidade nas nuvens, a deforma trabalhista de Temer, a intensificada campanha neoliberal individualista, a eleição de Bolsonaro e seu primeiro ano de governo (em que, para lembrar, o próprio ministério do Trabalho e Emprego foi desmantelado) era muito difícil que o sindicalismo mantivesse os níveis de sindicalização que situavam o movimento sindical brasileiro no pelotão mundial de países com índices médios ou altos. A queda foi brutal.

A recessão, o desemprego, a informalidade e a própria rotatividade (único fator que se manteve alto mesmo no período de vacas gordas) dificultaram a associação sindical. A deforma trabalhista, enfraquecendo os sindicatos abruptamente, prejudicou a sindicalização. E a cortina de fumaça individualista obscureceu a ação coletiva e a desvalorizou.

O presidente Bolsonaro, useiro e vezeiro em almoços com o patronato, jamais prestou atenção aos sindicatos de trabalhadores e nem mesmo respondeu até hoje em sinal de desprezo a carta que lhe foi enviada pelas centrais sindicais.

Nessas difíceis conjunturas é de se notar que o sindicalismo emagreceu, mas ficou mais ágil. Na crise catastrófica da pandemia continuou em ação, realizou o 1º de Maio virtual unitário e negociou mais que no ano passado.

Tem sido um protagonista efetivo na luta pela vida, pelo emprego e pelo auxílio emergencial de 600 reais até dezembro e realizou greves, campanhas salariais e eleições sindicais em defesa dos direitos dos trabalhadores.

João Guilherme Vargas Netto,
consultor de entidades sindicais de trabalhadores