Dirigente sindical era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos (CNTM) e vice-presidente da Força Sindical
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na tarde deste domingo (21), que a morte de Eleno José Bezerra, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, “é uma perda irreparável para o movimento sindical brasileiro e para os trabalhadores brasileiros”.
Lula chegou ao Palácio dos Trabalhadores, na Liberdade, Centro de São Paulo, onde foi velado o corpo, por volta das 14h40. O enterro foi no cemitério da Vila Mariana, na Zona Sul da capital paulista. “Eu estive com ele ontem [sábado (20)]. Quando recebi a notícia, não acreditei que pudesse ter acontecido”, afirmou, após passar alguns minutos com a família de Bezerra.
“Agora, além de chorar a morte de um companheiro, a gente continua a trabalhar para que os trabalhadores continuem a conquistar mais coisas e o movimento sindical se fortaleça cada vez mais”, concluiu o presidente.
Do velório, Lula seguiu direto para o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo, de onde embarcou para os Estados Unidos. Lá, o presidente vai participar de uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU).
Bezerra morreu aos 52 anos em um acidente de carro na Rodovia Fernão Dias, na região de Mairiporã, na Grande São Paulo, na tarde deste sábado (20). O carro em que ele estava caiu de uma ribanceira de cerca de 120 metros na altura do km 60 da Fernão Dias. Os bombeiros acreditam que o motorista perdeu o controle do veículo por causa da chuva forte.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, o filho de Bezerra, William Mello Bezerra, 26, dirigia o veículo quando perdeu o controle do carro em uma curva, devido à chuva, e capotou numa ribanceira na lateral da estrada.
O acidente aconteceu na altura do km 61, na altura de Mairiporã (Grande São Paulo), por volta das 16h. Bezerra morreu no local. Seu filho sofreu escoriações leves e foi encaminhado para o pronto-socorro de Mairiporã.
O corpo de Bezerra permaneceu no local do acidente à espera da perícia, até por volta das 19h30 de sábado, segundo a Polícia Rodoviária. Antes de ser velado, o corpo de Bezerra foi encaminhado para o IML (Instituto Médico Legal) de Franco da Rocha.
Paulinho: “perda irreparável”
Em declaração à imprensa, o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT/SP), o Paulinho da Força, disse ao que a morte de Eleno “é uma perda irreparável”.
“Para nós foi uma perda muito grande, porque ele era, além de ser presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Ele era o meu vice-presidente da Força Sindical, meu braço direito”, disse Paulinho.
A diretoria e os funcionários do DIAP transmitem aos familiares e companheiros de Eleno Bezerra, nas entidades que dirigia, sentimentos de pesar e solidariedade pela perda irreparável.
Trajetória
Além de presidente de um dos maiores sindicatos do País, Eleno presidia a CNTM (Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos) e ocupava a vice-presidência da Força Sindical, ambas filiadas ao DIAP.
Eleno José Bezerra nasceu em Caetés, agreste do Pernambuco, em 17/07/56. Pai de um casal de filhos era casado pela segunda vez. Trabalhou com os pais e irmãos na lavoura até os 18 anos, quando foi para São Paulo em busca de mais capacitação profissional e para continuar os estudos.
Em 1975, conseguiu seu primeiro emprego em São Paulo, com registro em carteira, na Metalúrgica Deca. Foi demitido em 1979 por participar de uma greve da categoria.
Em 1980, desperta para a militância política e a atividade sindical e participa, como ativista do sindicato, das lutas políticas pela redemocratização do Brasil, de movimentos por melhores condições de vida, e começa a se destacar na luta dos metalúrgicos.
Foi eleito pela primeira vez para a Diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo em 1987. Aliado do deputado Paulo Pereira da Silva, ex-presidente do sindicato e presidente da Força Sindical, ajuda a formular e a implementar a política conhecida como “sindicalismo de resultados”, que dá projeção nacional ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
Participou de inúmeras greves em defesa dos direitos trabalhistas, como a da redução da jornada de trabalho de 48h para 44h semanais, da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), da ação nacional pelo reajuste de 147% para os aposentados e pensionistas, e pela correção da tabela do Imposto de Renda.
Em fevereiro de 1996, Eleno assumiu a secretaria-geral do sindicato. Em 1998 e 2004, coordenou campanhas eleitorais que elegeram dirigentes do sindicato a deputado federal e a vereador de São Paulo.
Em janeiro de 2003, assume interinamente a presidência do sindicato e, em dezembro de 2004, é eleito presidente da entidade com 96,2% dos votos válidos. No ano seguinte, é conduzido à presidência da CNTM.
Com lideranças de várias correntes sindicais, Eleno também era um batalhador na luta pela redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. (Com agências; foto: Daniel Cardoso)