Após sete horas de intensas discussões, o Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão (SIMECAT) conseguiu fechar um acordo com a Mitsubishi. Antes de ser levada para a negociação, a proposta foi sugerida e aprovada pelos trabalhadores. Uma intervenção foi solicitada ao Ministério Público do Trabalho (MPT) após a montadora demitir mais de 500 trabalhadores na última sexta-feira (02).
Segundo o presidente do SIMECAT, Carlos Albino, a empresa não notificou o Sindicato sobre a demissão em massa, nem mesmo quis discutir outras alternativas que pudessem evitar os desligamentos. “O que é pior, ela atropelou um acordo que fizemos na Justiça do Trabalho que garantia a manutenção dos postos de trabalho até o dia 31 de outubro”, completa. Para Albino, a atitude foi considerada totalmente desrespeitosa com a entidade e descomprometida com os trabalhadores.
Diante da situação, protestos foram feitos na BR-050 e na porta da fábrica, com apoio dos trabalhadores demitidos e ativos e também de dirigentes sindicais de diversas partes do País. Uma audiência para negociação junto ao poder público também foi requerida pelo Sindicato. Portanto, durante a tarde de segunda-feira (05) e a manhã de terça-feira (06), o SIMECAT se reuniu com os representantes da Mitsubishi para buscar soluções. A negociação aconteceu no prédio da Vara do Trabalho de Catalão e foi mediada pelo Procurador do Ministério Público do Trabalho, Dr. Raimundo Paulo dos Santos Neto, com acompanhamento do Juiz do Trabalho, Dr. Rafael Tanner Fabri.
Resultados
Apesar de não conseguir a reintegração total de trabalhadores, o acordo firmado garante alguns benefícios extras aos demitidos, além das verbas rescisórias. Para compensar o descumprimento do acordo de estabilidade, eles receberão R$ 3 mil de abono indenizatório mais dois meses de vale card.
Outra conquista firmada no acordo é o pagamento integral da PLR (Participação nos Lucros e Resultados), independentemente de faltas, sendo que o adiantamento de R$ 4 mil está previsto para o dia 13 novembro e a segunda parcela para 18 de março de 2016. Além disso, o Sindicato conseguiu a reintegração de alguns casos especiais, que ainda serão analisados, como PPD (Pessoas Portadoras de Deficiência), casais, quem está doente ou é cipeiro. No acordo também está garantido que a empresa deve dar prioridade de contratação aos demitidos anteriormente, em junho, e de agora.
Mesmo com a finalização das negociações, Carlos Albino ainda lamentou a situação. “Fechamos um acordo bom, mas ainda não é totalmente satisfatório. É muito triste ver centenas de pais de família na rua”, esclarece. De acordo com ele, o mercado automotivo não está correspondendo, por isso a dificuldade em manter os empregos. “Infelizmente, mesmo com muita luta, o Sindicato não tem o poder de conseguir tudo. Os trabalhadores preferiram ter estas garantias financeiras. Somos somente representantes deles, então acatamos”, afirma.
Na mesma audiência, a empresa se comprometeu a não demitir em massa nos próximos seis meses. A montadora não poderá desligar mais de 30 pessoas por mês, número médio da rotatividade normal. O metalúrgico Leonildo Pinto Machado foi demitido após cinco anos de serviço. Com três crianças em casa, apesar de não retornar ao trabalho, comemorou a conquista. “O Sindicato não ficou para trás nesta situação, pelejamos de todas as formas. Pelo menos teremos o dinheiro extra que já vai ajudar nas despesas dos próximos meses”, ressalta.
Esta é a segunda demissão em massa de trabalhadores em pouco mais de três meses. No final de junho, a Mitsubishi desligou 180 funcionários. Na época, o Sindicato protestou contra as demissões e também conquistou benefícios para os demitidos. Através de parcerias, foram proporcionadas aos metalúrgicos palestras sobre como administrar o dinheiro de forma consciente; abertura do negócio próprio e como voltar ao mercado de trabalho. Cursos de formação e qualificação profissional foram ofertados gratuitamente, através de parceria com o SENAI e MPT, e devem ter início em breve, pois ainda estão em trâmite. Agora, novas parcerias devem ser firmadas para atender os mais de 500 metalúrgicos que foram desligados recentemente.