DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a queixa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o vazamento das discussões no governo a respeito de medidas antidesemprego, o ministro Carlos Lupi (Trabalho) voltou atrás e disse que não está sendo discutido o uso do FGTS para compensar a renda perdida em eventuais reduções de salários que acompanhem diminuição da jornada de trabalho.
O próprio Lupi, contudo, disse em entrevista gravada anteontem que a opção estava na mesa, conforme a Folha havia publicado no mesmo dia. “Está sendo examinado, mas não é o foco da gente, essas outras alternativas estão sendo examinadas”, disse, ao ser indagado sobre o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Lula se queixara do vazamento da reunião da quarta-feira à noite em que a medida foi discutida, confirmada por Lupi na manhã de quinta-feira. “Fico chateado quando as pessoas começam a falar pela imprensa antes de me dizerem as coisas”, afirmou Lula.
Ato contínuo, ontem Lupi simplesmente negou o que dissera na véspera. “Isso nunca saiu da minha boca. Pergunte aos setores que estão discutindo isso”, disse ele.
Após autorização de Lula, a medida fora discutida na quarta-feira no Ministério da Fazenda por Lupi, Guido Mantega (Fazenda), Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) e Bernard Appy, assessor responsável pelos estudos.
A Fazenda confirmou a reunião, mas não quis falar das medidas. Pelo que a Folha apurou e publicou, foi debatida a hipótese de o governo apoiar acordos trabalhistas que prevejam a redução de jornada de trabalho e salários. Para tanto, exigiria a manutenção dos empregos e daria como compensação ao trabalhador a possibilidade de saques mensais à sua conta do FGTS.
Embora esteja estudando formas de ajudar na criação de um pacto entre patrões e empregados para evitar demissões, o governo não quer ser identificado como articulador de medidas que possam levar à redução de salários.
Lupi também minimizou ontem a divulgação da aprovação, pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador, das regras para o eventual uso de recursos do FAT para ampliar o pagamento de parcelas do seguro-desemprego. “Já existia a permissão, só não tinha o uso”, disse.