Segundo ministro, empresas receberam socorro de R$ 2,9 bi do FAT
Lu Aiko Otta e Isabel Sobral
Em mais um round no bate-boca com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, apresentou ontem uma listagem mostrando que as empresas paulistas receberam R$ 2,977 bilhões em empréstimos com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) entre janeiro de 2006 e março de 2008. Na quinta-feira, Skaf havia desafiado Lupi a mostrar que empresas teriam recebido socorro do governo e qual a taxa de juros paga por elas.
A discussão começou na semana passada, quando Lupi criticou as empresas que haviam recebido ajuda do governo e demitiram. Em resposta, Skaf desafiou o ministro quais delas teriam agido assim. Ontem, após anunciar o pior dado de emprego da história do País, Lupi exibiu uma listagem de empresas que teriam sido beneficiadas com empréstimos com recursos do FAT, administradas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Por causa do sigilo bancário, ele não revelou os nomes. Mostrou, porém, um corte por setor liderado pelo comércio, estabelecimentos de reparação de veículos e motocicletas. Eles teriam recebido R$ 1,192 bilhão.
“Ele não pediu a lista pública? Estou mostrando. Como ele é meu amigo, mas estou tendo dificuldade de vê-lo, a não ser pela televisão, quero aproveitar a imprensa gratuita para responder a ele”, ironizou Lupi. “Os juros, que o Paulo Skaf diz que são escorchantes, são de 5% a 6% ao ano, mais a variação da TJLP”, acrescentou. A TJLP, ou Taxa de Juros de Longo Prazo, está em 6,25% ao ano. Feito isso, deu a discussão por encerrada.
O levantamento de Lupi é o mais atual disponível, mas não abrange os meses após o agravamento da crise, em setembro de 2008. Vai só até março. Para o ministro, toda medida de socorro deve exigir como contrapartida a geração de empregos. Na semana passada, ele esteve em Santiago, no Chile, para uma reunião da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em que foi aprovada uma recomendação de que as medidas anticrise devem ter em vista a geração de empregos.