A leitura de jornais é prática recomendável em qualquer curso de ciências humanas, é a resposta que invariavelmente dou em palestras. Jovens sempre insistem nesta questão, acompanhada de observação de que hoje quase ninguém lê nada e que jornal é coisa do passado. Sindicatos e confederações de trabalhadores quando fazem jornal são um horror, e quando fazem cursos para seus delegados a matéria principal é sempre matemática, cálculos, perdas e ganhos salariais.
Nada de se analisar a informação, não é feita avaliação de como funcionam as redações, o que é notícia, a quem beneficia, quem perde e quem ganha.Vai ver eles não atentaram para o problema. Recentemente a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizou seu quarto seminário nacional tendo como tema “A interface do jornal com outras mídias na formação básica e continuada dos professores”.
Professores da educação básica têm encontrado resistência de seus coordenadores quando alguém propõe a leitura de jornais como prática diária. Além de informar, a notícia serve também para educar. A circulação de informação é, em si, didática.
Ao fazer a informação andar, não ficar restrita a um seleto grupo de iluminados, o saber se torna mais democrático, digamos assim, porque permite o acesso a um número maior de pessoas. O emissor engrossa o número de receptores. O ensino-aprendizagem reforça sempre o conceito de seu papel educativo.
Claro que não se pode ler simplesmente os jornais. Tem de se fazer uma leitura crítica. Ler nas entrelinhas, perceber o aparentemente banal, ver o que pouca gente sabe enxergar, por razões mil que muitas vezes não convém acentuar. Os três macaquinhos chineses que ensinam as pessoas a nada ouvir, ler ou falar são o grande mal das pessoas igualmente mal intencionadas, que ocultam jogadas escusas. Os abomináveis símios enfeitam as mesas de muitas secretárias no mundo corporativo, mas não são encontrados (espero) em assessorias de comunicação.
O seminário da Unicamp concluiu que não há fórmulas prontas para o uso de jornal em sala de aula. A escolha de como utilizá-lo tem de levar em consideração a experiência do professor, a realidade do aluno e da escola e do objetivo educativo que está em jogo. Informação é vital em qualquer sociedade.
Rivaldo Chinem é assessor da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, filiados à Força Sindical