por Pereira dos Guarulhos
A Assembleia Nacional Constituinte instituiu o voto jovem a partir dos 16 anos. Isso foi há 30 anos, quando a população crescia a ritmo acelerado e muitos jovens ingressavam na idade cívica. A primeira grande participação dessa massa eleitoral se deu em 1989.
Os dois primeiros governos Lula e o primeiro governo Dilma foram de crescimento econômico e forte expansão do emprego. Isso trouxe grande número de jovens ao mercado de trabalho. Essa entrada no mercado ocorria num período de crescente formalização do emprego e esses trabalhadores eram admitidos sob proteção da CLT ou das Convenções Coletivas dos Sindicatos.
Mas a crise que derrubou Dilma, com todas as consequências políticas, econômicas e sociais, gerou não só desemprego em massa. A recessão e a radicalização direitista começaram a pôr em risco os direitos. A primeira pancada veio com a lei das terceirizações; a segunda, a lei trabalhista de Temer. E tem mais: se a direita ganhar a eleição, vai querer passar o trator na Previdência.
A juventude é ativa e inteligente. Mas a fraqueza do nosso ensino e a omissão da grande mídia deformam e desorientam. Muito jovem simpático a candidato autoritário talvez nem saiba que era exatamente esse tipo de político que apoiava a censura, perseguia opositores e negava o voto pra presidente, governador e prefeito de Capitais.
Esse mesmo tipo de candidato – e ideologia – era contra a organização sindical, apoiava a repressão contra reivindicações trabalhistas, enquadrava sindicalista na lei de segurança nacional, julgava ilegais greves legítimas e apoiava a política salarial da ditadura, conforme os decretos salariais 2.045, 2.064 e outras medidas de arrocho.
Não acho que nós, mais maduros e experientes, devemos dizer ao jovem em quem votar. Mas precisamos orientar a respeito de quem não merece o voto. Observe: os candidatos autoritários que aí estão (e seus partidos) aprovaram a nova lei trabalhista, que corta direitos, desarticula a organização sindical e permite absurdos como trabalho da gestante em locais insalubres.
Atualmente, tem empresa contratando pela modalidade do trabalho intermitente, que sequer garante salário mínimo no final do mês. A nova lei trabalhista aumentou a informalidade e jogou muita gente no chamado trabalho por conta própria. Ocorre que, em média, quem está no “conta própria” ganha menos 30% do que quando era registrado em Carteira.
A pouco mais de 50 dias das eleições, não podemos fazer muito. Mas podemos, e devemos, alertar o jovem que não caia na ilusão totalitária e saiba que cada direito foi conquistado. Peço a você, moço ou moça, que procure se informar sobre partidos, candidatos e candidaturas. Você é inteligente e digno. Não aceite ser massa de manobra.
José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região e secretário nacional de Formação da Força Sindical
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