Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Janeiro registra recorde de emprego


No melhor resultado para o mês desde 92, segundo o Caged, 181.419 vagas foram abertas; indústria puxa contratações

Jacqueline Farid

O mercado de trabalho formal do País iniciou o ano com geração recorde de vagas. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou abertura de 181.419 postos formais de trabalho em janeiro, o melhor resultado para o mês do levantamento do Ministério do Trabalho, iniciado em 1992. O desempenho foi comemorado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que mantém a meta de geração de dois milhões de vagas formais em 2010.

Ele destacou sobretudo a geração, também recorde, de vagas na indústria. “O resultado de janeiro me faz ter mais certeza do cumprimento dessa meta, há essa tendência”, disse Lupi, que acredita que nem mesmo um eventual aumento da taxa básica de juros (Selic) poderá impedir o governo de atingir a meta. “Se tiver algum aumento da taxa de juros, para o qual eu trabalho contra e torço para que não tenha, será muito pequeno e não influenciará a geração de empregos”, afirmou.

Mas o economista da PUC Rio e da Opus Gestão de Recursos José Márcio Camargo acredita que a esperada alta dos juros terá sim uma influência, mesmo que moderada, sobre o mercado de trabalho. Ele explica que, com a alta dos juros, os empresários poderão concluir que haverá redução da atividade e, assim, menos contratações. “Mas isso (o efeito) não ocorre em curtíssimo prazo, nem será muito grave.”

Camargo, assim como Lupi, acredita na possibilidade de geração recorde de vagas este ano – “é muito possível”, disse -, mesmo que aponte alguns riscos. Além dos juros, ele cita o cenário de risco soberano nos países do sul da Europa. O economista acredita que um agravamento da crise nesses países poderá levar a uma restrição internacional de crédito, comprometendo um pouco as perspectivas de crescimento da economia brasileira.

“Não seria um efeito tão forte como o que ocorreu no fim de 2008, mas a falta de crédito afeta o nível de produção e emprego muito mais rapidamente que outros fatores, como juros”, explicou Camargo. O número de novos postos de trabalho superou até mesmo a expectativa do ministro, que em projeção feita há duas semanas apontava que seriam geradas “mais de 142 mil vagas”. Para o ministro, todos os setores (indústria, comércio e serviços) vão contribuir para o alcance da meta no ano.

Riscos à parte, os dados do Caged apresentados ontem injetaram ainda mais otimismo no desempenho do mercado de trabalho nos próximos meses.

INDÚSTRIA

Em janeiro, a indústria de transformação gerou 68.920 vagas de trabalho formais, recorde histórico do setor para meses de janeiro. “Com o fim da crise e os estoques baixos, a indústria começou a contratar fortemente. É a demonstração mais forte da recuperação e do crescimento da economia do País, do aquecimento da economia brasileira”, disse Lupi.

Outro recorde, também para meses de janeiro, foi batido pelo setor de serviços, com 57.899 novos postos. Lupi lembrou que esse setor costuma mostrar aquecimento no início do ano, por causa das férias que elevam o movimento no setor de turismo. A construção civil, de acordo com Lupi embalada pelo programa Minha Casa, Minha Vida, gerou 54.330 postos.

Apenas o comércio, por questões sazonais, com dispensa dos temporários contratados no fim do ano anterior, registrou redução de vagas, com menos 6.787 postos de trabalho.