Ameaça do fim de benefício ajudou o setor a atingir melhor mês de vendas da história
GABRIEL BALDOCCHI
Folha DE SÃO PAULO
O esforço do governo para atrasar o anúncio da prorrogação do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) até a última semana do mês ajudou o setor a alcançar recorde de vendas.
A medida terminaria no último dia 31, mas foi estendida até o final de outubro.
Os emplacamentos de carros e comerciais leves somaram cerca de 405 mil unidades em agosto, um crescimento de 31,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. Na comparação com julho, a alta foi de 15,3%.
A maior marca até então havia sido alcançada em dezembro de 2010, com 361,2 mil unidades.
Entre as montadoras, a Fiat manteve a primeira posição em agosto, com 24,2% do mercado, seguida por Volkswagen, GM e Ford.
SURPRESA
Os dados surpreenderam os analistas e consolidaram a virada no desempenho da indústria neste ano.
O resultado acumulado até agosto, de 2,389 milhões de unidades, representa avanço de 7% em relação ao mesmo período de 2011. Até maio, antes da redução do IPI, as vendas caíam mais de 4%.
“A gente já esperava um número forte [para agosto] e veio acima da expectativa”, afirma o analista da LCA, Rodrigo Nishida.
A previsão da consultoria para o resultado do ano será revisada para cima amanhã, após a divulgação dos dados da Fenabrave (federação das concessionárias).
A expectativa é de desaceleração das vendas neste mês, com nova retomada em outubro, diante da data de vencimento das medidas.
Se o temor até maio era o alto nível dos estoques, principal alvo da redução do IPI, agora o risco é de falta de produto. Nas concessionárias, alguns modelos já têm filas de espera de mais de 30 dias.
O dado de produção, a ser divulgado nesta semana, mostrará a resposta à alta demanda dos últimos três meses, com um provável recorde no volume fabricado.
“A questão que se coloca agora é 2013. A nossa previsão é que este ano forte vai ser seguido por queda ou estabilidade porque está havendo uma antecipação muito grande [nas compras]”, afirma Nishida.