Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Indústria evita perda maior para Santo André

SÃO PAULO – Mesmo sem a força característica da década de 70, o setor industrial de Santo André tem ajudado a cidade a registrar índices melhores de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo dados da Secretaria de Desenvolvimento, o município foi o único da região do Grande ABC a apresentar queda de 2,3% na arrecadação deste ano. No entanto, o número poderia ter sido pior sem a indústria química, que colabora com uma média de R $23 milhões em tributos.

Em entrevista exclusiva ao DCI, o prefeito João Avamileno (PT) ressaltou a importância do complexo industrial, como também o crescimento do campo de serviços, responsável pela geração de empregos.

Santo André encontra dificuldades para ocupar áreas protegidas pela lei ambiental. Ao todo, 54% da cidade são preservados pela lei de mananciais. O que se pode fazer, segundo o prefeito, é realizar parcerias para utilizar o percentual de espaço permitido. Foi assim que a prefeitura e mais 20 microempresas estão construindo um condomínio para suporte de logística e transporte.

A cidade também tem investimentos no turismo, através da Vila de Paranapiacaba, que atrai, no Festival de Inverno, cerca de 100 mil pessoas para a região.

Depois de 12 anos no comando, o PT perdeu as eleições. “Nós temos de respeitar o eleitor, já que ele achou que devia mudar”, comentou Avamileno. O petista, no entanto, garantiu que continuará atuante na política da cidade -agora, na oposição-, e avisou que está à disposição para ser candidato a deputado estadual.

Prefeito, a indústria ainda é o principal setor de Santo André?

Sim, o complexo industrial continua forte. Temos o pólo petroquímico na região, no qual Santo André representa 35% e o restante pertence a Mauá. Há também duas empresas pneumáticas importantes, além do campo químico. Essas quatro empresas são responsáveis pela geração de emprego e renda.

Há áreas disponíveis para o desenvolvimento industrial?

Sim, apesar de não termos tanta área, já que 54% da cidade são protegidos pela lei de mananciais, o que complica na hora de fazer investimentos. No entanto, em um ano viabilizamos uma área, em conjunto com alguns empresários, para formar um condomínio. A lei permite o aporte de investimentos, se respeitadas determinadas metragens das áreas protegidas. Isso vem agilizar e ajudar o trabalho de pequenas e microempresas, que vão usar o espaço para serviços de logística, vigilância e transporte.

As microempresas recebem incentivo do governo?

Sim, há incentivo fiscal sobre o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto Sobre Serviços (ISS) para que pequenas, e até médias, empresas se instalem na cidade. Com isso, em 2006, o setor de comércio e serviços registrou quatro vezes mais instalações que a indústria.

E qual é o principal retorno?

Sem dúvida, a geração de empregos. Santo André, como todo o ABC, tem uma vocação muito industrial há três décadas. Mas isso vem mudando, e hoje quem emprega mais na cidade é a área de serviços.

A cidade já sente sinais da crise?

Posso afirmar que a crise não chegou aqui, em Santo André. Mas temos preocupação, principalmente pelas indústrias de plástico e petroquímica, muito utilizadas na fabricação de veículos. Vejo, porém, que as medidas tomadas pelo governo para amenizar a crise estão surtindo efeito.

Quais são as principais obras em andamento na prefeitura?

Já fizemos a primeira parte do Complexo Viário Cassaquera, que integra rodovias e viadutos; a segunda vai ficar para o próximo governo. Há também as obras do Rodoanel. Para integrar a área de tecnologia, temos as obras do planetário no Parque Central, onde já funciona a Escola do Conhecimento.

Qual o orçamento para 2009?

O orçamento é de R$ 1,8 bilhão, já contando com a verba de autarquias, administração direta e convênios com o governo federal e estadual. As secretarias com maior repasse são as da habitação, educação e saúde.

Os repasses das outras esferas públicas são significativos?

Com certeza, só do Plano de Aceleração de Crescimento (PAC), do governo federal, recebemos R$ 200 milhões. Somos a 3ª cidade que mais recebeu investimentos do programa, só perdemos para São Paulo e Guarulhos. Além disso, temos verba para programas sociais, como o Bolsa-Família.

O senhor teme que a crise possa afetar o orçamento?

Se a crise vier mesmo, com certeza vai atrapalhar e diminuir a arrecadação. A expectativa, porém, é manter o crescimento em torno do que alcançamos em 2007 e neste ano.

Há investimentos no turismo?

Sim, temos a Vila de Paranapiacaba, que Santo André adquiriu. É uma área de preservação, que realiza anualmente o Festival de Inverno, que movimenta cerca de 100 mil pessoas no mês de julho. A região tem grande força no turismo, através da gastronomia e também do ecoturismo.

Após mandatos consecutivos, o PT perdeu as eleições. Como o senhor avalia a derrota do seu partido?

Diversas coisas influenciaram, na minha opinião. Mas foram 12 anos seguidos em que o PT administrou a cidade. Nós temos de respeitar o eleitor, já que ele achou que devia mudar. Agora é hora de sentarmos e analisarmos os erros e os acertos do partido.

Há notícias de que o clima na Câmara não está bom por conta da derrota petista. Isto é verdade?

Não, a Câmara está indo bem, os vereadores estão discutindo os programas do meu governo. Há algumas divergências, naturalmente, mas, como diz o ditado, é mais bode na mesa do que briga realmente.

Isso não pode afetar a aprovação da proposta orçamentária?

Os vereadores têm até o próximo dia 5 para votar. Eu espero que corra tudo bem, até porque a cidade precisa da aprovação do orçamento.