Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Indústria de SP acelera expansão em setembro


Atividade industrial tem crescimento de 4,3%, o maior desde abril de 2008

Apesar da alta, atividade da indústria deve fechar o ano com retração entre 7,5% e 8% neste ano, puxada pela queda nas exportações

PAULO DE ARAUJO – COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A indústria entrou em setembro em um processo de recuperação mais acelerada. No mês passado, a atividade industrial paulista cresceu 4,3% ante agosto, no dado com ajuste sazonal. É a maior alta desde abril de 2008, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

“Pela primeira vez no ano, temos um número que mostra de forma incontestável a recuperação do setor depois da crise”, afirmou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. Em agosto, o INA (Indicador de Nível de Atividade) havia recuado 1%.

No mês passado, todas as variáveis que compõem o índice, como volume de vendas, horas trabalhadas e salários, apresentaram crescimento. A expansão também se espraiou por todos os setores pesquisados, exceto papel e celulose, que teve ligeiro recuo (-0,9%), e informática (-22,4%). No último caso, porém, Francini pontua que a abrangência da pesquisa é menor, o que pode acarretar alguma distorção.

“Vemos que os fatores emprego, renda e crédito, que são os indutores da economia, estão em crescimento. Isso nos dá uma boa indicação para os meses que restam neste ano”, disse Francini.

Apesar da alta em setembro, a expectativa da Fiesp é de retração entre 7,5% e 8% no INA neste ano em relação a 2008, puxada especialmente pela queda nas exportações de manufaturados em razão da crise e da valorização cambial.

Para Julio Gomes de Almeida, professor da Unicamp e ex-secretário de Política Econômica, o resultado de setembro é “excepcional” e descola da média de crescimento mensal de 1,3% da indústria neste ano.

“Temos agora uma perspectiva de expansão mais acelerada da indústria”, afirma. No entanto, o retorno ao patamar pré-crise não deve acontecer antes de março ou abril de 2010, de acordo com ele.

A atividade industrial em São Paulo, que concentra a indústria automotiva e de bens não duráveis, não deve ser acompanhada no restante do país, afirma o analista da Tendências Consultoria Bernardo Wjuniski. “O setor de bens de capital, forte no Rio e em outros Estados, tem dificuldade de se recuperar. Por isso não podemos extrapolar isso para o Brasil.”

Câmbio

Para Francini, a decisão do governo de taxar o capital externo com 2% de IOF para aplicações na Bolsa e em instrumentos de renda fixa indica que a valorização cambial é reconhecida como um problema. “Isso já é um grande progresso”, afirma.

“Mas a medida é limitada em relação à dimensão do problema. Por isso não sei se vai dar certo”, diz o diretor da Fiesp.