Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Indústria começa a recompor estoques

 


Escrito por Lucianne Carneiro e Lino Rodrigues

Setor automotivo, de construção civil e varejo voltam a fazer encomendas

 

RIO e SÃO PAULO. Após uma forte queda dos estoques no primeiro trimestre do ano – o que contribuiu para a retração da economia no período -, alguns setores da indústria já veem sinais de recomposição. O vicepresidente executivo do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), Marco Polo de Mello Lopes, cita o exemplo do setor automotivo, em que o aumento das vendas começa a se refletir em mais compra de aço. No início a expansão da produção ocorreu via consumo de estoques.

 

– O nível de estoques baixou significativamente e a indicação é que tenda a voltar para a normalidade. Temos um otimismo moderado – disse.

 

Lopes explica que houve reação positiva nos últimos meses nos três segmentos que respondem por 80% do mercado doméstico de aço – além do automotivo, o de construção civil e o de bens de capital -, mas ainda não suficiente para compensar a queda de 50% na demanda interna em novembro e dezembro.

 

O presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, também vê uma “reposição cautelosa” de estoques do varejo, sobretudo de celulares e computadores.

 

O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão, acredita que o setor será beneficiado nos próximos meses pela intensificação das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a habitação popular, com o programa Minha Casa, Minha Vida, e as primeiras obras ligadas à Copa do Mundo.

 

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Fiesp), Paulo Skaf, afirmou que os próximos trimestres já serão melhores para a indústria, mas não garantem crescimento no ano.

 

– Não dá para dizer que a crise já passou – disse Skaf.

 

A projeção da Fiesp é de retração de 1% do PIB em 2009, acompanhado por uma queda de 5,7% no PIB da indústria.

 

O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos, Luiz Aubert Neto, está mais pessimista. Ele lembra que, com a indústria longe do limite da capacidade de produção, não há previsão de compras de novas máquinas.

 

Força diz que resultado foi de “PIB geladeira”

 

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, ironizou o resultado:

 

– Podemos denominar de PIB da geladeira, já que a economia ficou abaixo de zero no início deste ano – disse ele.

 

Já a Central Única dos Trabalhadores (CUT), mais alinhada ao governo federal, considerou que o número mostra que a desaceleração está diminuindo. A entidade espera crescimento do PIB entre 1% e 2% este ano.

 

Para Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, o cenário no fim do ano passado era de “peste e morte”, o que fez muitas empresas se precipitarem na demissão de trabalhadores.

 

– Essa queda menor do PIB é um sinal de que o Brasil tem potencial – disse.