Jornal da Tarde
30 de agosto de 2012
22h40
O trabalhador brasileiro deve aproveitar o segundo semestre para pressionar o sindicato de sua categoria profissional para garantir um reajuste salarial acima da inflação. Apesar do momento econômico ser de incerteza e de certa desaceleração econômica, 96,5% dos reajustes salariais de 370 categorias avaliadas no primeiro semestre de 2012 ficaram acima da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A informação está em um levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostra melhor desempenho medido desde 1996, quando a pesquisa começou a ser feita.
Em 2011, 85,1% das categorias que conseguiram reajustes acima da inflação e, em 2010, 88,1%. O Dieese apontou ainda que apenas duas categorias do setor de serviços, ou 0,5% das avaliadas, tiveram reajustes salariais do INPC-IBGE, cujo índice varia de acordo com o período da data-base das negociações salariais.
Mesmo, assim, essas categorias tiveram reajustes entre 0,01% e 1% abaixo da inflação. O levantamento apontou ainda que 3% das categorias conseguiram reajustes iguais ao INPC-IBGE e que a faixa com o maior número de aumentos acima da inflação foi no intervalo de 1,01% a 2%, com 31,4% das categorias avaliadas.
Os dados do Dieese apontam ainda que, na média de todas as categorias, o valor médio do aumento real dos salários sobre o INPC-IBGE foi de 2,23% nas negociações de 2012. Em 2011, o aumento real médio de salários foi de 1,31% e, em 2010, de 1,50%.
As 370 categorias de trabalhadores avaliadas pelo Dieese estão nos setores de indústria, comércio e serviços. A instituição não avalia as negociações dos setores público e rural.
Momento favorável
As perspectivas para o restante do semestre são positivas para alcançar um reajuste maior. As negociações salariais devem manter a tendência de acordos verificados na primeira metade do ano. A avaliação é de José Silvestre do Prado Oliveira, coordenador do Dieese.
Apesar de o ritmo da economia estar aquém do desejável, é muito provável que 2012 feche como o melhor ano da série, na opinião de Oliveira, já que o segundo semestre tem datas bases de importantes categorias – bancários, metalúrgicos, petroleiros, bancários, comerciários e químicos.
O coordenador do Dieese, que é também responsável direto da pesquisa, acredita que as medidas de incentivo à economia tomadas pelo governo, como redução de tributos e de juros devem dar frutos mais consistentes a partir de agosto. “Isso deve elevar o consumo e as vendas e, consequentemente, os índices devem ir bem além da inflação.”
De acordo com o balanço divulgado nesta quinta-feira, a categoria que obteve o maior aumento real foi construção civil. O porcentual ficou 3,2 pontos porcentuais acima da inflação que balizou as negociações. Oliveira afirma que ainda não é possível avaliar o impacto na criação de empregos e no aumento de salários das medidas de desoneração do Imposto sobre Produtos Industriais (IPI) para os setores automotivo, da linha branca e de materiais de construção, entre outros. Gustavo Porto e Marcos Burghi