Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Greve é suspensa na Renault e na Volvo

Cerca de 35 mil metalúrgicos do ABC paulista decidem hoje se paralisam atividades a partir de segunda-feira

O Estado de SP – CLEIDE SILVA, EVANDRO FADEL e TATIANA FÁVARO

Os 4,7 mil trabalhadores da Renault/Nissan de São José dos Pinhais (PR) aceitaram ontem proposta da empresa de reajuste de 7,6% para reposição da inflação e 2,5% de aumento real, totalizando 10,1% nos salários a serem recebidos a partir deste mês. Com o acerto, encerraram a greve iniciada segunda-feira.

Um dia antes, os 2,6 mil funcionários da Volvo também fizeram negociação à parte com a empresa e aceitaram proposta semelhante. Agora, só a Volkswagen/Audi, que emprega 4 mil pessoas, segue parada no Paraná.

No ABC paulista, os 35 mil metalúrgicos da Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania decidem hoje, em assembléia às 10 horas, se decretam greve por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. Representantes das indústrias tentavam ontem um acordo para evitar a paralisação num momento de produção e vendas aquecidas, apesar do recuo verificado em agosto. As negociações prosseguiam no fim da noite.

Se não ocorrer acerto, será a primeira greve por salários em todas as montadoras do ABC desde 2001, quando as linhas de montagem ficaram paradas por uma semana. A data-base dos metalúrgicos de São Paulo e Paraná é 1º de setembro.

Na quinta-feira, após reunião que estendeu-se pela madrugada, trabalhadores e montadoras não chegaram a um consenso. O Sindicato Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Sinfavea) pouco avançou na proposta anterior, de aumento real de 1,25%, recusada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT.

Para pressionar as montadoras, os trabalhadores do ABC realizaram paradas pontuais durante a semana e se recusaram a fazer horas extras hoje a amanhã. Os metalúrgicos do ABC não divulgam o índice de reajuste pedido, mas afirmam que não aceitarão ganhos inferiores aos 2,5% pagos no ano passado, quando a produção das montadoras foi menor do que a prevista para este ano.

O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, ligado à Força Sindical, informou que, além do reajuste, os trabalhadores da Renault/Nissan terão abono de R$ 1, 5 mil e vale mercado de R$ 100. Os dias parados serão compensados depois.

A Volks não apresentou nova proposta aos trabalhadores, que decidiram manter a paralisação pelo menos até segunda-feira, quando devem realizar assembléia. A empresa ofereceu os mesmos índices dos metalúrgicos da Renault, mas só a partir de novembro. Em setembro, os trabalhadores receberiam apenas o abono de R$ 1,5 mil.

O sindicato dos metalúrgicos calcula que deixaram de ser fabricados cerca de 4,2 mil veículos na Volks. “Achamos que a empresa tem uma margem em estoque e está segurando as negociações”, disse o presidente do sindicato, Sérgio Butka.

AUTOPEÇAS

Também não houve acordo na reunião de ontem entre sindicalistas e empresários dos setores de autopeças, forjaria e parafusos. As negociações são conduzidas pela Federação Estadual do Metalúrgicos (FEM/CUT), que representa 13 sindicatos de São Paulo, em cujas bases trabalham 115 mil metalúrgicos. Na região de Campinas, cerca de 17 mil metalúrgicos já realizaram protestos nas duas últimas semanas.