Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Governo prevê criar mais de 1 milhão de vagas

Arnaldo Galvão, de Brasília

O governo contabilizou, em agosto, a criação de 242.126 empregos formais, resultado de 1,45 milhão de admitidos e 1,21 milhão de dispensados. Foi o melhor desempenho mensal desde setembro de 2008, mês que teve a criação de 282.841 vagas. Em agosto do ano passado, antes do agravamento da crise, o saldo do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) foi de 239.123 postos. Em 2009, essa foi a primeira vez que um mês superou o mesmo mês de 2008. Além disso, de outubro do ano passado, quando os primeiros efeitos da crise econômica global começaram a ser sentidos com mais força, até julho deste ano, havia um deficit de 196,5 mil vagas formais no Brasil. Com o resultado de agosto, a conta se reverteu: no período, acabaram sendo criadas 44,6 mil vagas.

A recuperação dos empregos contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) também teve, em agosto, mais postos criados na indústria, com saldo de 66.564 vagas entre contratações e demissões. Esse ritmo ficou muito acima das 17.354 vagas geradas em julho no setor, confirmando a melhora do emprego no segmento que mais demitiu no auge da turbulência.

Os números animaram o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Ele disse que, no mês que vem, deve elevar sua atual previsão de saldo de 1 milhão de empregos em 2009. Quando comentou o cenário que espera para 2010, disse que serão criadas mais de 1,8 milhão de vagas. Em 2008, apesar da crise mundial, o saldo foi de 1,4 milhão. Considerando o período que vai de janeiro a agosto, o Caged tem saldo de 680.034 vagas, praticamente um terço do resultado dos mesmos oito meses em 2008.

De acordo com os números do Caged, o maior número de empregos criados em agosto foi no setor de serviços (85.568). Em segundo lugar, veio a indústria, com 66.564 postos. O comércio criou 56.813 vagas, a construção civil contribuiu com 39.957 empregos e a administração pública gerou 3.305 postos. O único setor com saldo negativo no mês passado (11.249 empregos) foi a agropecuária, influenciada pela entressafra na região Centro-Sul.

Outro sinal da reação do emprego no país, segundo Lupi, é o desempenho do segmento de serviços de instituições financeiras. Em agosto, pela primeira vez no ano, o saldo foi positivo (845 vagas) entre contratações e demissões.

A retomada da geração de empregos na indústria significa, para Lupi, que os estoques estão “quase a zero” no setor. Ele também criticou a reação “exagerada” dos empresários que, segundo imagina, poderiam ter evitado muitas demissões no fim de 2008 se confiassem mais na força do mercado interno e no impacto do aumento do salário mínimo na economia. Como exemplo, citou a “insensível” indústria automobilística. “Vão pagar um preço por isso. Pagaram para demitir e, agora, terão de pagar para contratar mais do que esperavam”, criticou.

O segmento industrial que mais criou empregos em agosto foi o de alimentos, com 22.614 vagas. Em seguida, vêm têxtil (9.238), calçados (8.974), metalúrgico (5.982) e químico (5.866). A única área com perda de postos de trabalho, em agosto, foi a de borracha, fumo e couros, com saldo negativo de 2.567 vagas. A análise do Caged nos oito meses compreendidos entre janeiro e agosto mostra que o maior número de empregos foi criado no setor de serviços, com 348.658 vagas. Em ordem decrescente, aparecem construção civil (151.537), agricultura (147.108), comércio (51.171), administração pública (36.286), serviços industriais de utilidade pública (6.319), indústria (-60.559) e extração mineral (-486).

O economista Christian Travassos, da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro, afirmou que a variação positiva do emprego no setor de serviços foi de 3,4% em 12 meses, ficando em 2,8% este ano. Segundo ele, isso mostra a pujança do mercado interno. “A maior parte são serviços do dia a dia da população, setores ligados ao mercado interno que menos sofreram com a crise econômica.”

Lupi comentou que suas expectativas são muito boas para o Caged, especialmente no comércio e na construção. No caso do comércio, disse que o setor está iniciando um período muito aquecido, até o começo de dezembro, com a preparação das vendas do fim do ano. Na construção, o ministro ressaltou que o ritmo já é forte, mas ficará ainda mais intenso com o crescente impacto do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

A força da retomada do emprego no país pode ser comprovada, segundo Lupi, com os números do Estado de São Paulo. Em agosto, foram criadas 77.983 vagas, com destaque para os setores de serviços (27.882), comércio (24.482) e indústria (11.183).

O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, disse que a criação de 242 mil empregos formais em agosto é um sinal claro da recuperação da economia brasileira. Na sua avaliação, os números mostram que o governo conseguiu manter o emprego em plena crise. “O aumento de postos de trabalho anunciado mostra que efetivamente o país está saindo da crise e que a questão mais relevante e mais cara para o nosso governo, que é a sustentação do mercado de trabalho e da massa salarial está ocorrendo.”

Para Machado, a recuperação no emprego também indica que o país continuará a crescer nos próximos meses. “Isso nos enche de orgulho e de expectativa de que o país continuará no rumo do crescimento, permitindo que cada vez mais brasileiros possam ingressar no mercado de trabalho e ter uma vida melhor e mais saudável.”

No estoque de 32,67 milhões de empregos celetistas em agosto, o maior peso é do setor de serviços, com 13,08 milhões de pessoas trabalhando. Em seguida, vêm indústria (7,33 milhões), comércio (7,12 milhões), construção (2,08 milhões), agropecuária (1,7 milhão), administração pública (813,5 mil), serviços industriais de utilidade pública (360,32 mil) e extração mineral (172,38 mil). (Com agências noticiosas)