Ministro do Desenvolvimento disse que a valorização do real em relação ao dólar é um problema que não tem solução no curto prazo
26 de maio de 2011 | 11h 25
Anne Warth, da Agência Estado
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse hoje que o governo estuda impor licenças não automáticas para importações em outros setores. De acordo com ele, a adoção de práticas mais ativas de defesa comercial será uma das estratégias do governo para proteger a indústria nacional no curto prazo.
“Nós vamos agregar outras medidas, como o licenciamento não automático para importações, que é permitido pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), para aqueles setores em que há claramente uma ameaça na balança comercial”, afirmou, durante palestra no seminário “Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego”, na capital paulista. “Vamos usar tudo o que for possível, dentro das regras da OMC, para defender a competitividade da produção nacional.”
Pimentel não quis adiantar quais setores poderão ser alvo de licenças não automáticas. “Estamos trabalhando com os dados da balança comercial. Onde houver ameaça séria ao nosso saldo, vamos utilizar medidas adequadas de defesa comercial”, disse, em entrevista coletiva.
Na avaliação dele, não se trata de medidas protecionistas, pois as medidas estarão dentro das regras da OMC. “Esse instrumento ficou um pouco relegado nos últimos anos, talvez o câmbio exageradamente valorizado tenha nos deixado um pouco preguiçosos nessa história, mas hoje não é mais assim. Estamos atento a isso e vamos continuar praticando a boa política de defesa comercial.”
Dólar
Pimentel disse que a valorização do real em relação ao dólar é um problema que não tem solução no curto prazo. Ele afirmou que a valorização da moeda nacional é uma consequência da política monetária expansionista dos Estados Unidos, que tem atingido o câmbio e as relações de troca em todo o mundo.
“É um problema que não tem solução no quadro da nossa governabilidade interna. Nós vamos ter de conviver durante um tempo não previsível com um câmbio em que o real vai estar muito valorizado”, disse, durante palestra realizada no seminário “Brasil do Diálogo, da Produção e do Emprego”, na capital paulista. “Eu preferia que estivesse um pouco menos valorizado, mas não acho que tenhamos como escapar dessa equação no curto prazo.”
Pimentel reconheceu que a taxa básica de juros (Selic) está elevada, mas disse que são os juros altos que contribuíram para a estabilidade econômica do País. “Superamos o período inflacionário dos anos 1980 e 1990, construímos fundamentos fiscais e monetários muito sólidos, uma política muito séria, ainda que isso nos custa uma taxa de juros extremamente elevada, a mais alta do mundo”, afirmou. “Mas, de alguma forma, isso contribuiu e está contribuindo para que nós tenhamos estabilidade.”