Paulo Muzzolon,
enviado especial do Agora
BRASÍLIA — Em troca de negociar alterações em projetos no Congresso sobre benefícios do INSS, o governo federal deverá apresentar uma proposta de aumento acima da inflação aos aposentados que ganham mais que o salário mínimo. O reajuste deverá ser aplicado em janeiro do ano que vem.
A proposta deve ser divulgada após o recesso do Congresso, que termina em agosto. O acerto foi costurado ontem pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), em uma reunião com parlamentares e com representantes dos aposentados.
O motivo é que o governo quer alterar o projeto que iguala o aumento do mínimo ao das aposentadorias maiores que o piso. Segundo o Agora
apurou no Congresso, o governo teme que esse projeto, que já passou no Senado, seja aprovado na Câmara e obrigue o presidente a vetá-lo, causando desgaste político a Lula antes da eleição.
Se o governo não apresentar nada, o texto atual, do senador Paulo Paim (PT-RS), irá para votação no plenário.
Segundo o deputado Pepe Vargas (PT-RS), a liderança do governo ainda não tem um percentual de reajuste definido, mas deverá evitar conflitos nessa discussão. “Ainda há um prazo para negociar”, disse ontem o deputado Vargas.
Moeda de troca
Com a iniciativa de proposta de reajuste maior em 2010, o governo também quer adiar uma outra votação: a de um veto presidencial ao reajuste igual para o mínimo e para benefícios do INSS em 2006. Essa votação estava marcada para o dia 8. “Aceitamos que não se vote o veto no Congresso na semana que vem”, disse Paim. “Se houver entendimento entre os líderes e os aposentados, será feito um acordo. Caso contrário, haverá votação”, disse o deputado Tarcísio Perondi (PMDB-RS).
“Acreditamos que agora aconteça alguma coisa, porque estamos cansados de ser enganados”, disse Warley Martins, presidente da Cobap (confederação de aposentados). “Estamos dando um voto de confiança para o governo, mas vamos continuar negociando”, afirmou.
De acordo com os últimos estudos da Cobap, nos últimos nove anos, os aposentados tiveram uma perda de poder de compra de 67,32%. O principal motivo é a diferença entre o reajuste dado ao mínimo e o aplicado aos benefícios do INSS maiores que o piso.
Neste ano, por exemplo, o aumento dos aposentados que ganham mais que o mínimo foi de 5,92% –repondo apenas a inflação acumulada. Já para o piso, o reajuste foi de 12,05% –o dobro do dado aos beneficiários do INSS.
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