Folha de S.Paulo
O governo decidiu encerrar as negociações com as centrais sindicais e tentará votar já na semana que vem o salário mínimo de R$ 545, antecipando o que vem sendo considerado o primeiro teste de fogo da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
Representante de Dilma na negociação com as centrais, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem que o Palácio do Planalto considera concluído o debate.
Ele afirmou que o governo manterá a proposta de R$ 545 e não “levará em conta” os protestos. Em troca, admitiu ceder na correção da tabela do Imposto de Renda.
“Na questão do mínimo, nós entendemos que não há mais negociação. Vamos reafirmar os R$ 545”, disse.
A decisão ocorre um dia depois de o ex-presidente Lula sair em defesa de Dilma e criticar o “oportunismo” dos sindicatos na negociação pelo reajuste do piso. Além disso, o governo discute a necessidade de cortar investimentos para equilibrar as contas.
O ministro afirmou que não haverá ruptura com as centrais, que apoiaram a campanha de Dilma e agora fazem críticas abertas a ela: “Vamos voltar a negociar.”
Manobra
O governo fará uma manobra para tentar votar rapidamente o projeto de lei que define o mínimo em R$ 545.
O texto, que será enviado à Câmara até sexta, vai fixar a política de reajuste do piso até 2014, levando em conta o crescimento do PIB dos dois anos anteriores mais a inflação do ano anterior. A manobra foi criticada pela oposição, que cogita até ir à Justiça. DEM e PSDB prometem apresentar emenda com valor superior. Os tucanos defendem R$ 600.
Ontem, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) disse que dez partidos aliados concordam com os R$ 545, sendo o PDT a única exceção.
O presidente Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), garante que sua emenda, de R$ 580, tem o apoio inclusive de setores do PMDB e do PT.