Marli Olmos, de São Paulo
A direção da General Motors deu ontem mais um passo para valorizar as operações na América do Sul, cujo crescimento, puxado pelo Brasil, segue o sentido contrário da estagnação nas vendas de veículos nos Estados Unidos e demais mercados desenvolvidos. Foi criada uma nova organização regional, descolada das operações internacionais da companhia. O comando da nova estrutura ficará a cargo do atual presidente da GM do Brasil, Jaime Ardila, que será substituído pela americana Denise Johnson, a primeira mulher a assumir a direção de uma montadora no Brasil.
O anúncio, feito por meio de uma nota da matriz, em Detroit, pegou a equipe brasileira de surpresa. Tanto que não foi preparado sequer um currículo da nova presidente da GM do Brasil, que assume o cargo daqui a uma semana, no dia 1º de julho. Nem sequer foto de divulgação foi distribuída. A empresa informou apenas que ela é vice-presidente de relações trabalhistas.
A primeira mulher a assumir a presidência da GM no Brasil desde que a multinacional se instalou no país, há 85 anos, tem 42 anos de idade, é formada em engenharia mecânica pela Universidade de Michigan, com mestrado na MIT (Massachusetts Institute of Technology). Antes de cuidar da área trabalhista, ela chefiou linhas de produção em fábricas da GM nos EUA. No comando da terceira maior fabricante de veículos no Brasil, Denise vai alterar o perfil de comando de um setor altamente dominado pelos homens, principalmente no Brasil.
Na reorganização de ontem, Jaime Ardila foi promovido. Com a criação de uma estrutura da América do Sul, separada do grupo de operações internacionais, sob seu comando, ele se reportará diretamente a Ed Whitacre, principal executivo da companhia, no cargo desde que o governo de Barack Obama assumiu o controle da montadora, no fim do ano passado.
Em comunicado, Whitacre explicou que a equipe que controla as operações internacionais – que engloba toda a estrutura da GM fora da América do Norte – precisa se concentrar na Ásia, Oriente Médio e Rússia, que estão crescendo rapidamente e são “cruciais” para o avanço da companhia.
Ardila, no comando da GM do Brasil e do Mercosul há quase três anos, não deverá ter dificuldades na nova função. Ele nasceu na Colômbia e antes de vir para o Brasil comandou a fábrica da montadora na Argentina. Com formação na área financeira, Ardila foi chamado diversas vezes para participar das reuniões que definiram a reestruturação da GM nos Estados Unidos em 2009. E serviu como importante interlocutor para explicar à nova direção detalhes da estrutura das operações no Brasil.
Com três grandes fábricas de veículos e uma futura unidade de motores, o Brasil representa a principal operação da General Motors na América do Sul. Com quase 600 mil veículos vendidos em 2009, a marca tem 20% do mercado brasileiro. O Brasil também representa um dos cinco centros de desenvolvimento de projetos da GM em todo o mundo.
Na Argentina, a companhia tem uma fábrica importante, que serve, sobretudo, para ajudar no abastecimento do mercado brasileiro. Com as mudanças anunciadas ontem, Colômbia, Equador e Venezuela também passam para o comando de Ardila. Em toda a região, a GM conta com 29 mil empregados. Segundo a GM, o executivo colombiano continuará trabalhando no Brasil, o que deve facilitar a transição do cargo para a nova presidente. (Colaborou Eduardo Laguna)