Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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GM perde US$ 113 milhões por dia

Grupo gastou US$ 10,2 bilhões de suas reservas e está quase sem caixa; prejuízo no trimestre é de US$ 6 bilhões

 

Cleide Silva

Perto de vencer o prazo para anunciar se vai entrar com pedido de concordata e em meio a negociações da venda de parte de suas operações, incluindo as da América Latina, a General Motors anunciou ontem prejuízos de US$ 6 bilhões no primeiro trimestre, quase o dobro da perda de US$ 3,3 bilhões no mesmo período de 2008. Desde 2005, a GM acumula perdas de US$ 88 bilhões.

 

Embora analistas esperassem dados ainda piores, fica cada vez mais difícil para a empresa escapar de uma concordata, avaliam consultores. A empresa tem até 1º de junho para aprovar um plano de recuperação.

 

Ontem, o responsável pela área financeira da GM, Ray Young, admitiu que os rumores de um pedido de proteção judicial contra credores que “estão na primeira página dos jornais todos os dias”, contribuíram muito para a “dramática” queda nas vendas.

 

Segundo Young, a GM continuará tentando fazer a reestruturação sem recorrer aos tribunais. “Mas, se tivermos de recorrer, é imperativo para nós entrarmos e sairmos rapidamente.” A Chrysler entrou em concordata no fim de abril.

 

A GM gastou US$ 10,2 bilhões das suas reservas no trimestre, o que equivale a US$ 113 milhões por dia, quase o dobro da velocidade de gastos do último trimestre do ano passado. Ao final de março, o caixa da companhia era de apenas US$ 11,6 bilhões, montante que, segundo a própria GM, representa o mínimo de liquidez necessária para sua sobrevivência.

 

Dessa vez, nem a região na qual o Brasil está inserido, que vinha apresentando lucros significativos há vários anos, ajudou. O grupo chamado de Laam (América Latina, África e Oriente Médio) teve lucro de US$ 42 milhões, bem abaixo dos US$ 517 milhões de um ano atrás. Mas foi a única das quatro divisões a obter resultado positivo.

 

Em todo o mundo, as vendas da GM caíram 28,3% ante 2008, para 1,6 milhão de veículos. A América do Norte foi o mercado mais afetado, com queda de 42,2% (500,5 mil unidades), seguida por Europa, com queda de 29,1% (405,1 mil unidades).

 

A filial europeia, que está sendo negociada com a Fiat, teve prejuízo de US$ 1,2 bilhão. Sobre a possível venda das operações na América Latina para a Fiat, Young disse apenas não poder “fazer comentários em cima de especulações”. Acrescentou, contudo, que o foco da empresa é ter um parceiro global que permita sinergias resultando em ganhos de produtividade e redução de custos.

 

BRASIL

 

A Laam teve queda de 15,3% nas vendas, para 274,2 mil unidades no primeiro trimestre. No Brasil, que representa mais de 40% desse mercado, a queda foi de 9% (123,3 mil). Segundo Young, que participou de teleconferência com jornalistas, o mercado brasileiro também foi atingido “pelas preocupações com a quebra da empresa”.

 

O executivo – que já presidiu a GM do Brasil -, ressaltou as dificuldades de crédito, mas lembrou que o mercado recebeu incentivos fiscais do governo (o que possivelmente evitou retração maior). No primeiro trimestre, a venda total de carros no País cresceu 3,1%.

 

A Ásia/Pacífico foi a única região na qual as vendas cresceram 6,1%, para 436,1 mil unidades, mas o resultado financeiro foi negativo em US$ 21 milhões.

 

A GM recebeu US$ 15,4 bilhões do governo dos EUA e planeja um corte de custos que prevê 23 mil demissões até 2011. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS