Segundo empresa, reestruturação não afeta o Brasil
Cleide Silva
O presidente da General Motors do Brasil, Jaime Ardila, reafirmou ontem que o plano de reestruturação entregue pela matriz ao governo dos Estados Unidos exclui o Brasil de qualquer ação que envolva fechamento de fábricas, demissões em massa e suspensão de investimentos. A única medida que atinge a filial envolve o próprio executivo. Seguindo normas da companhia, ele terá seu salário reduzido em 10%.
Ainda que não faça parte do plano de cortes de 47 mil funcionários (dos quais 26 mil fora dos EUA), a filial brasileira deve alterar seu quadro em razão da menor demanda esperada para o mercado. A GM prevê queda de 15% nas vendas ante 2008, para 2,4 milhões de veículos.
A empresa não deve renovar boa parte dos 1.633 contratos temporários que vencem a partir de março na fábrica de São Caetano do Sul (SP). Os funcionários operavam no terceiro turno criado em 2008 e suspenso este ano. “Vamos renovar apenas os que precisamos”, avisou Ardila, que tomará a decisão em um mês.
Em janeiro, a GM suspendeu 800 contratos temporários em São José dos Campos (SP). O grupo emprega 22,5 mil pessoas no País. No mundo todo, tem 244,5 mil funcionários, 39,5 mil a menos do que em 2007. Além de cortar mais 47 mil vagas nos próximos anos, o grupo fechará cinco fábricas e suspenderá investimentos nos EUA, Europa, Tailândia e Índia.
“No Brasil, todos os projetos estão mantidos, assim como o investimento anunciado de US$ 1,5 bilhão”, disse Ardila. Parte de outro aporte de US$ 1 bilhão que vem sendo negociado com a matriz deve ser anunciado no segundo trimestre.
“A América Latina, incluindo o Brasil, não será impactada pelo plano de reestruturação”, reforçou Ardila. “Eu serei impactado”, admitiu, ao ser questionado sobre cortes nos salários de executivos que vai vigorar de 1º de maio até o fim do ano.
Ardila explicou que, no plano apresentado na terça-feira, a GM pede ao governo US$ 4,6 bilhões para completar os US$ 18 bilhões solicitados em dezembro, pois até agora recebeu US$ 13,4 bilhões. Ele disse que a Secretaria do Tesouro americano pediu ao grupo para projetar um cenário em que as vendas da indústria não apresentem recuperação até 2011.
A GM informou que, num mercado com vendas abaixo de 12 milhões de carros, precisará de ajuda adicional. “No caso de acontecer, elevaria o total de empréstimos para US$ 30 bilhões”, disse Ardila. “São cenários solicitados pelo Tesouro e não pedidos de novos empréstimos. Nossa base continua sendo os US$ 18 bilhões.”