Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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GM e Chrysler cortam mais e querem mais ajuda


Montadoras dos EUA entregam hoje ao governo Obama plano de reestruturação

Após obter US$ 9,4 bi, GM deve pedir mais US$ 4 bi, reduzir fábricas, marcas e concessionárias; sindicato endurece a negociação

ANDREA MURTA

DE NOVA YORK

As gigantes automotivas americanas Chrysler e GM devem anunciar cortes mais profundos do que os antecipados e pedir mais dinheiro ao governo dos EUA hoje, quando se encerra o prazo concedido pela Casa Branca para a apresentação de seus planos de restruturação.

A data final para elas detalharem como serão viáveis a longo prazo faz parte do acordo que fecharam com o governo há dois meses, quando o então presidente, George W. Bush, ofereceu crédito de até US$ 17,4 bilhões para evitar que falissem. À época, analistas já esperavam que as montadoras pedissem mais ajuda. A Ford não tomou empréstimos, mas acompanha negociações para reestruturar a indústria.

“Estamos ansiosos para dar uma olhada nos planos, pois compreendemos que é extremamente importante ter uma indústria automotiva forte e viável”, disse o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. Ele confirmou que o presidente Barack Obama formará um painel de especialistas para supervisionar a restruturação, em vez de um “czar” da indústria, como havia planejado Bush.

O painel (Força-Tarefa Presidencial para Automotivas) será liderado pelo secretário Timothy Geithner (Tesouro) e pelo diretor do Conselho Monetário Nacional, Lawrence Summers. O grupo incluirá os departamentos do Tesouro, do Comércio, dos Transportes, do Trabalho e da Energia.

Ron Bloom, especialista em restruturação, deverá ser nomeado conselheiro sênior do Tesouro para o setor. Obama terá a palavra final no destino das montadoras, e um processo de falência apoiado pelo governo não está descartado.

A expectativa é que a GM, que recebeu US$ 9,4 bilhões até agora, peça hoje mais US$ 4 bilhões. Ela deverá acelerar nos próximos 18 meses o fechamento de fábricas e a redução de concessionárias. Também deverá vender ou remodelar algumas de suas oito marcas, provavelmente a Hummer, a Saab e a Saturn. Um executivo da empresa disse que a ideia era ter uma companhia muito menor, com menos marcas e bem menos funcionários.

Já a Chrysler deve pedir mais US$ 3 bilhões e propor duas possíveis alternativas: focar na parceria já firmada com a italiana Fiat ou fazer alianças e parcerias com outras montadoras.

O acordo não-vinculante com a Fiat prevê usar sua tecnologia para construir carros menores e de maior eficiência de combustível nos EUA -a italiana levaria em troca 35% em ações. Além disso, a Chrysler também deverá propor cortes de custos fixos de US$ 3,8 bilhões, mais do que o previsto em dezembro (US$ 3,1 bilhões). A estimativa é que a capacidade de produção anual de veículos caia em 1,3 milhão (antes era 1,2 milhão).

As propostas só deverão ser apresentadas ao final do dia, depois do fechamento do mercado. A GM e a Chrysler ainda tentavam ontem convencer o sindicato dos trabalhadores automotivos (UAW) a baixar custos trabalhistas, mas um acordo parecia emperrado.

As metas duras são em parte resultado da crescente deterioração global do mercado de veículos. As vendas da GM nos EUA estavam em janeiro 49% abaixo da cifra de um ano antes. Na Chrysler, 55%.