Diário do Grande ABC
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, em reunião com a diretoria da General Motors realizada ontem, informou que conseguiu congelar por pelo menos 30 dias as demissões previstas pela montadora na cidade. Na segunda-feira, conforme a entidade anunciou e o Diário publicou, a fabricante avisou que planejava cortar 1.500 postos de trabalho devido às dificuldades pelas quais o setor automotivo atravessa, provocadas pela crise na economia.
O adiamento da decisão sobre as eventuais demissões se deu graças à prorrogação do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho), situação na qual se encontram 2.300 operários desde outubro de 2014. Dessa forma, os funcionários que retornariam no dia 7, segunda que vem, deverão voltar em 7 de abril.
Além disso, a quantidade de empregados suspensos também foi reduzida. De acordo com o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, subiu para 600 o número de operários que devem retornar à montadora nos próximos dias para atuar entre o primeiro e o segundo turno, retomado após a suspensão em outubro (o que não ocorria desde 1981). Esse total é praticamente o dobro do que a entidade havia sinalizado à equipe do Diário na segunda, após conversa com a GM, quando apenas entre 300 a 400 deveriam ser reintegrados. Sendo assim, 1.700 trabalhadores permanecem, por ora, suspensos.
“Essa prorrogação nos dará mais tempo para negociação com a empresa. Estamos trabalhando para que o resultado seja o menos doloroso possível aos funcionários”, comenta Cidão, que diz ainda não estar satisfeito com os 600 funcionários que voltarão, e quer ampliar esse número para pelo menos 1.000. Hoje haverá nova reunião com a GM, às 15h, para bater o martelo sobre a situação dos empregados e, quem sabe, ampliar o volume de pessoas que voltará à ativa. Na ‘rádio-peão’ corre que, ontem, 120 funcionários, dos 600, já foram reintegrados.
Quanto ao PPE (Programa de Proteção ao Emprego), plano criado pelo governo federal como alternativa em momentos de crise, em que até 30% da carga horária e dos salários são reduzidos, Cidão avalia que o plano não é opção a ser considerada como alternativa para solucionar o destino dos operários, já que não garante o emprego. Anteriormente, o sindicalista já chegou a cogitá-lo, mas a empresa nunca levou adiante a proposta.
DEMISSÕES – Caso a GM demitisse os 1.500 trabalhadores, seriam eliminados 16,3% do seu atual contingente em São Caetano, de 9.200 empregados. Além da reintegração dos 600 profissionais, de acordo com Cidão, existem mais 300 funcionários considerados “restritos” por terem desenvolvido ao longo dos anos algum tipo de problema de saúde ou sofrido acidente do trabalho, e que, portanto, não podem ser demitidos. Assim, de acordo com o sindicato, pelo menos 900 trabalhadores teriam o emprego garantido. O que reduz para 1.400 o total de pessoas com o emprego ameaçado na fabricante.
Entretanto, se o sindicato conseguir atingir a meta dos 1.000 funcionários, essa conta pode ficar ainda menor e recuar para 1.000 excedentes.
Procurada, a GM não quis se pronunciar sobre o assunto.