Legado do estadista permanece 70 anos após a sua morte
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Neste sábado (24) completam-se 70 anos da morte do presidente Getúlio Vargas. Como estadista, comprometido com o povo e com o país, sua memória deve ser reverenciada.
Todo trabalhador e trabalhadora com carteira profissional, jornada regulamentada, férias, licença-maternidade, representação e benefícios das convenções coletivas é herdeiro do legado de Getúlio.
Como sindicalistas, lutamos para que esse patrimônio do povo brasileiro se fortaleça.
Getúlio rompeu com a oligarquia de fazendeiros que controlava o país antes de 1930 e conseguiu implementar um projeto de desenvolvimento que contemplava lutas sindicais, reformulando as relações de trabalho.
Em seu governo foi criado o Ministério do Trabalho e Emprego, regulamentada a sindicalização das classes operárias e patronais, criado o Primeiro Código Eleitoral do país, a carteira profissional e consolidadas diversas leis trabalhistas em 1º de maio de 1943.
Estabeleceu-se o protagonismo de um sistema industrial na economia através da construção de grandes empresas nacionais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale) e a Petrobras.
O Brasil mudou de sociedade agrário exportadora de base rural para uma sociedade urbano-industrial. Isso exigiu uma mudança de mentalidade contra a qual a elite de perfil escravocrata reagiu de forma contundente e violenta. Sobre sistemática pressão, em 24 de agosto de 1954, Getúlio Vargas decidiu tirar a própria vida em vez de ceder às chantagens da elite golpista.
Seu suicídio desencadeou uma grande comoção nacional, como informou o escritor Araken Távora: “Homens e mulheres, velhos e moços, caíam ao chão, sob fortes choques emocionais, enquanto outros não continham o pranto convulso. Os vivas a Getúlio misturavam-se aos versos do Hino Nacional, cantado por um coro de milhares de vozes. Cumpria-se, dramaticamente, a promessa de Vargas: ‘Só morto sairei do Palácio’”.
Quando a carta-testamento deixada pelo presidente foi transmitida pela Rádio Nacional, a comoção cresceu ainda mais.
Na carta, Vargas não deixou dúvida sobre as pressões políticas que precipitaram seu suicídio e disse que seus detratores se revoltavam “contra o regime de garantia do trabalho”.
Ao final, através de palavras carregadas de emoção, exaltou a população que quis libertar: “Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém” (…) “Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história”.
A perseguição ao legado getulista adentrou os governos seguintes até consagrar-se no golpe militar de 1964. O regime militar e os anos subsequentes, de aprofundamento do neoliberalismo, foram marcados pela tentativa de dilapidar o que foi construído em termos de legislação trabalhista e soberania nacional.
Mas as mudanças protagonizadas por Getúlio Vargas foram sólidas e profundas, e a CLT de 1º de maio de 1943 ainda é o porto seguro da classe trabalhadora.
É por isso que lutamos, e é por isso que estamos aqui hoje prestando esta homenagem a este grandioso estadista brasileiro: Getúlio Dornelles Vargas!
Miguel Torres
Presidente da Força Sindical
Ricardo Patah
Presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo
Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Moacyr Roberto Tesch Auersvald
Presidente da NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores)
Antonio Neto
Presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
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