Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Gerdau fecha semestre com prejuízo de R$ 294 milhões



Alberto Komatsu e Sandra Hahn

 

A Gerdau divulgou ontem o prejuízo líquido de R$ 329 milhões no segundo trimestre, ante lucro de R$ 34,9 milhões no trimestre anterior. No primeiro semestre, a Gerdau acumula perdas de R$ 294 milhões, ante ganhos de R$ 3,2 bilhões de janeiro a junho de 2008. Segundo especialistas do setor, o desempenho da empresa acompanha a tendência mundial. Os resultados da siderurgia no Brasil ainda refletem o severo impacto da crise nesse segmento.

 

O presidente da Gerdau, André Gerdau Johannpeter, disse, em teleconferência, que o grupo sente a evolução gradual dos mercados a cada mês e classificou o segundo trimestre de um período “difícil”. Ele observou que a crise “ainda não terminou”, mas o ciclo de menor produção já foi vencido e, por isso, não prevê necessidade de novos ajustes de pessoal.

 

Um dos indicativos da melhora gradual dos mercados, comentou, foi o comportamento de julho, quando as vendas consolidadas do grupo no mundo subiram 16% em volume, em relação ao mês anterior.

 

Para Germano Mendes de Paula, especialista em siderurgia do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia (MG), o Brasil reflete o que está ocorrendo no mundo. “O setor siderúrgico do mundo inteiro foi um dos mais afetados pela crise. Por isso, as siderúrgicas vêm anunciando resultados financeiros consideravelmente piores que os do ano passado. Não poderia ser diferente porque o custo fixo do setor é muito elevado”, afirmou.

 

Após a queda de 9% no segundo trimestre, a Gerdau prevê que os preços de produtos siderúrgicos devem ficar estáveis no País no segundo semestre. As operações da Gerdau começam a entrar no ritmo de 60% a 70% de utilização da capacidade, disse Johannpeter, sem detalhar a evolução desse índice. No contexto atual, ele considerou o desempenho “razoável”.

 

A Gerdau decidiu manter em funcionamento o alto-forno 2 da Açominas, após a reativação do equipamento de número 1 na mesma usina. “Vamos manter os dois altos-fornos operando”, disse o vice-presidente de Finanças, Osvaldo Schirmer. Os equipamentos devem operar ao ritmo de 75% a 70% de utilização da capacidade instalada.

 

Além dos efeitos da crise, o analista de siderurgia e mineração da Corretora Banif, Gilberto Cardoso, lembra que o reflexo negativo das empresas vem não apenas do recuo nas demandas doméstica e externa, mas também da queda de preços do aço no mercado internacional.