GUSTAVO HENNEMANN
DA AGÊNCIA FOLHA
A segunda-feira foi de alívio para 496 funcionários da Renault que voltaram ao trabalho na montadora de São José dos Pinhais (PR). Eles haviam tido o contrato de trabalho suspenso em janeiro, quando a companhia alegou retração nas vendas de automóveis.
Outros 500 trabalhadores continuam afastados, matriculados em cursos de aperfeiçoamento e recebendo bolsas de qualificação profissional, pagas pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), vinculado ao Ministério do Trabalho.
Segundo a Renault, os funcionários que voltaram ontem passarão por uma semana de transição, recebendo orientações e instruções de segurança. Eles devem retornar à linha de montagem na semana que vem, quando a companhia prevê aumento na produção de 380 para 500 carros por dia.
Para o operador de linha de montagem de carroceria Moisés Oliveira dos Santos, 34, a volta ao trabalho foi a “concretização de uma esperança”. Pai de dois filhos e funcionário da Renault há dez anos, ele disse que, apesar da apreensão, estava confiante no retorno.
“Está todo mundo sorrindo. A maioria é pai de família e houve apreensão quando saímos. Minha esposa sempre perguntava: Será que [você] vai voltar?”, disse.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, a Renault cogita chamar mais funcionários afastados nas próximas semanas, dependendo da avaliação do setor de vendas.
A assessoria de imprensa da empresa diz que não há como prever nova convocação de funcionários afastados. O prazo legal para o fim da suspensão do contrato é no início de junho, quando os trabalhadores devem retornar à montadora ou ser demitidos.
Retomada
A volta de parte dos operadores de um dos turnos da planta de carros de passeio, que estava desativado, foi possível graças ao crescimento de 6,5% nas vendas da Renault no primeiro bimestre em relação a 2008, segundo a empresa.
Para a Renault, a esperada queda nas vendas foi evitada principalmente pelas isenções e reduções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) concedidas pelo governo para a indústria automobilística.
Além da planta de veículos de passeio, que fabrica seis modelos, o complexo da Renault em São José dos Pinhais tem ainda uma fábrica de motores e um planta de utilitários, que monta um modelo próprio e outros da marca Nissan. As duas últimas não tiveram cortes ou suspensão de contrato de trabalho por causa da crise.