CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os funcionários da Pirelli, fabricante de pneus, encerraram ontem às 22h30 a greve iniciada em Santo André no sábado passado e aceitaram a proposta da empresa de reduzir por dois meses os salários e a jornada em troca de garantia no emprego até julho. Sindicalistas que representam a categoria devem ir a Brasília nesta semana pedir para o governo estender ao setor da borracha o acordo que prevê redução de IPI cobrado na venda de veículos.
A paralisação começou na noite de sábado após a empresa demitir 11 pessoas. Numa assembleia ontem à tarde em Santo André, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, chegou a afirmar que a Pirelli antecipou as demissões por causa da renovação do acordo de redução do IPI que deve oferecer, desta vez, garantia de emprego aos empregados do setor automotivo.
No início deste mês, o governo decidiu prorrogar, de 1º de abril até o final de junho, a isenção do IPI cobrado na venda de veículos. O governo não confirma a informação, mas deve ratificar a ampliação do prazo apenas na última hora -na semana que vem, quando vence o acordo, segundo apurou a Folha. Em dezembro, ao adotar a redução do IPI, as centrais sindicais criticaram o governo por não ter incluído como contrapartida a garantia de emprego.
“O que a Pirelli fez foi antecipar demissões porque sabe que, se houver o acordo, e se ele for estendido para a cadeia automotiva, como estamos pedindo, não poderá dispensar seus trabalhadores”, afirmou o presidente da Força Sindical. A Pirelli não se pronunciou sobre a declaração do sindicalista.
Cerca de 1.500 funcionários decidiram ontem em assembleia aceitar a proposta negociada pelo Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo com a empresa. Em abril e maio, eles terão os salários reduzidos, em média, em 10% e trabalharão com jornada 14% menor. A estabilidade no emprego vale de abril a julho.
Segundo o sindicato, a empresa vai antecipar o pagamento da segunda parcela do 13º salário para compensar o corte nos salários. Os 2.300 funcionários da Pirelli recebem salário médio que varia de R$ 1.700 a R$ 2.000 mensais.
“Com a greve, evitamos o corte de 150 trabalhadores”, disse Terezinho Martins da Rocha, presidente do sindicato.
Em nota, a Pirelli afirmou que, nos últimos seis meses, a companhia tem feito “inúmeros esforços” para preservar os empregos.