Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

CNTM

Formas de mudar a política


(Presidencialismo ou parlamentarismo)

Estava ouvindo na manhã de ontem, em uma importante emissora de rádio, debate acalorado sobre sistema de governo. Uns a favor do presidencialismo; outros fazendo a defesa do parlamentarismo.

Considero importante debater assuntos de interesse da sociedade, principalmente temas ligados à política. Afinal, como já disse alguém, quem não gosta de política acaba governado exatamente por aqueles que gostam, e muito, da própria política.

Mas não basta pegar um tema e debater seu conceito. A questão do sistema de governo precisa de mais aprofundamento, porque ela é ampla e complexa. Por exemplo: financiamento de campanhas. Adianta mudar o sistema de governo se o financiamento das candidaturas continuar sofrendo ingerência espúria do poder econômico?

O sistema atual é cheio de falhas. Uma delas é a de representação. Como se sabe, o senador representa a unidade da Federação, o Estado. Já o deputado representa o cidadão. Hoje, cada Estado tem três senadores. Eu pergunto: pra que três? Não bastariam dois ou mesmo um senador por Estado?

Outra falha de nosso sistema é quanto à votação para deputado. Se o deputado representa o cidadão, por que numa unidade da Federação são necessários mais de 100 mil votos, enquanto em outras bastam apenas alguns milhares de votos para ser eleito?

Na verdade, pouco adiantará mudar o sistema de governo, se os defeitos atuais forem mantidos. O desafio é de que forma fazer as mudanças. Não serão os próprios políticos que reformarão a política. Para isso, será necessária forte participação popular. Setores da esquerda propõem uma Constituinte exclusiva. Sim, mas quem dará as cartas nessa Constituinte? Basta, por exemplo, a grande mídia se unir em torno de um projeto que o jogo ficará desequilibrado.

Em certos setores da sociedade, há hoje rejeição à política. É um erro, pois a negação da política é tudo o que os mandatários do sistema querem pra que nada mude ou avance. Outros segmentos sociais propõem mudar tudo de uma vez. É o caminho da derrota, pois ninguém tem o modelo perfeito de sistema político e também nenhum grupo conseguirá impor o seu projeto.

Penso que as mudanças devem ser gradativas e permanentes. E o eleitor pode contribuir concretamente. Primeiro, escolhendo com critério em quem votar, rechaçando candidatos com a ficha suja e sem propostas sérias. Segundo, dando o voto a candidatos conhecidos, comprometidos com a cidade ou a região e que tenham capacidade de bem representar o cidadão.

O movimento sindical também vem debatendo a política e a necessidade de reformas. No nosso caso, a primeira mudança é eleger mais governantes e parlamentares comprometidos com os trabalhadores. Se conseguirmos isso, já será um primeiro passo. É um desafio que devemos assumir já, nestas eleições.

José Pereira dos Santos
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos e Região

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