Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Força Sindical suspende negociação com Fiesp

DENYSE GODOY

DA REPORTAGEM LOCAL

VERENA FORNETTI

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Força Sindical anunciou ontem a suspensão por dez dias da negociação com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre a situação dos trabalhadores em meio à crise.

Os empresários estavam pressionando os sindicatos por um acordo de redução de jornada de trabalho e corte de salários, com o qual a Força havia concordado. Após a federação dizer que, mesmo com esse entendimento, não poderia garantir a manutenção dos empregos, a Força decidiu interromper as conversas e pedir que Lula e os governos estaduais cortem impostos.

“Isso é de interesse dos patrões também. Se conseguirmos que o governo tome essas medidas logo, talvez não seja necessário fazer as concessões que temos feito em todo o país”, disse Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força.

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, afirmou que a interrupção das reuniões com a Força não significa um retrocesso.

“Temos o mesmo objetivo e, nesta semana, vamos unir forças para cobrar redução de juros e obter ações como prazo para pagamentos de impostos.

Transferimos para a outra semana a discussão das alternativas para a demissão, mas não há nada de novo, ainda buscamos a conciliação.” Ele acrescentou que, na retomada das negociações, conversará com empresários para que o nível de emprego seja mantido ao menos durante a vigência dos acordos de flexibilização.

Na sua opinião, o governo não deve participar das negociações como interlocutor, mas sim como indutor de medidas para estimular o crescimento.

Está agendada para as 17h de segunda-feira uma reunião dos sindicalistas com o presidente Lula. No mesmo dia, em horário a definir, eles devem se encontrar com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. O governador José Serra igualmente disse que poderia recebê-los. “Estou disponível, se for chamado.

Em relação a essa questão trabalhista, o fundamental é ter o entendimento não açodado, embora rápido, de sindicatos empresariais e de trabalhadores”, afirmou.

Unidade

A resolução da Força foi tomada durante uma reunião da qual participaram também a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), a Nova Central, a UGT (União Geral dos Trabalhadores) e a CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).

As centrais não concordam com a redução dos salários no caso de diminuição da jornada e se mostravam contrariadas com a concessão feita pela Força. Mesma divergência tem a CUT (Central Única dos Trabalhadores), que não compareceu. Artur Henrique, seu presidente, disse que já tinha marcada para segunda-feira uma discussão interna na CUT.

Ao final da reunião, telefonou a Paulinho manifestando sua concordância em relação aos termos acertados -que, segundo ele, haviam sido levantados pela própria CUT na semana passada.

O plano de ação das centrais, que dessa forma voltaram a se unir, pede a garantia de manutenção de emprego para todas as empresas beneficiadas com recursos públicos, a eliminação de horas extras e de banco de horas, a redução da taxa básica de juros brasileira em pelo menos dois pontos percentuais e a ampliação das parcelas do seguro-desemprego -hoje limitadas a cinco pagamentos.

Foi combinada ainda a organização de paralisações nas empresas que anunciarem demissões e uma manifestação em frente às sedes do Banco Central nas principais capitais no próximo dia 21, quando o Copom (Comitê de Política Monetária) decide o rumo da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Colaborou JOSÉ ALBERTO BOMBIG, da Reportagem Local