“No Dia Internacional da Mulher do ano de 1991 surgia uma nova proposta na vida sindical brasileira. Naquele 8 de março, líderes dos mais diversos setores do movimento de luta dos trabalhadores reuniram-se em um grande Congresso no Memorial da América Latina, em São Paulo.
As 2.500 pessoas que lá estiveram tinham preocupações e ideais em comum. As preocupações eram quanto ao rumo que o sindicalismo estava tomando, ficando para trás no processo de redemocratização do País, seja por causa de radicalismo estéril ou, por outro lado, por conformismo paralisante. O ideal que emanou desse I Congresso da Força Sindical – a nova bandeira que surgia – era o de lançar o movimento dos trabalhadores brasileiros à modernidade, para a construção de uma Central forte, capaz de endurecer quando preciso mas, também, de saber negociar, autônoma, livre, pluralista, aberta ao debate interno e com a sociedade. E, principalmente, com um projeto bem definido por um Brasil melhor, mais justo, solidário e que saiba promover o bem-estar social entre seus filhos.
O projeto logo ganhou a forma de livro. “Um projeto para o Brasil – A Proposta da Força Sindical” expõe detalhadamente o que a Central pretende para o País e o modo como esse ideal pode ser atingido.
De lá partiram as grandes lutas por conquistas reais para os trabalhadores. Essas lutasmaterializaram-se em grandes projetos, como o Centro de Solidariedade ao Trabalhador, a Qualificação Profissional ampla e intensiva, a organização do maior 1º de Maio do Mundo – que marcaram para sempre a história do sindicalismo no Brasil –, a luta pela valorização das aposentadorias – que resultou em reajuste de 7,7% em 2010 (Emenda do Deputado federal Paulinho da Força –, negociação do acordo do salário mínimo em 2006, o acordo do pagamento das perdas do FGTS em 2001, a derrubada da Emenda 3 – que tirava direitos dos trabalhadores – e pela organização das vitoriosas campanhas salariais, entre tantas outras.
Hoje, a Força Sindical é mundialmente respeitada, e tem sido a porta-voz dos interesses dos trabalhadores em todas as instâncias de poder. Defendemos a implantação da Pauta Trabalhista, que inclui a permanência da política de valorização do salário mínimo, o fim do Fator Previdenciário, a correção da tabela do Imposto de Renda, a redução da jornada de trabalho, o pagamento das perdas do FGTS, a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, juros menores, trabalho decente para todos, mais investimentos em saúde e educação e transporte público dignos.
Essas ações – e inúmeras outras – demonstraram sempre a capacidade de atuação da Força Sindical. Capacidade que logo predispôs à aglutinação de setores preocupados em defender e conquistar direitos efetivos para os trabalhadores. As filiações não pararam de acontecer. E não param até hoje. Em 1995, apenas quatro anos após a fundação, a Central contava com 445 entidades associadas e 4.215.927 trabalhadores na base. Os mais diversos setores já compunham a entidade, como prestação de serviços, vestuário, indústria, comércio, rurais, servidores públicos e tantos outros. Hoje, passadas mais duas décadas, contabilizamos 2.800 entidades, que somam 12 milhões de trabalhadores.
Acreditamos na unidade de ação como forma de fortalecer a luta e ampliar as conquistas para a classe trabalhadora. Passados 23 anos ainda lutamos e acreditamos numa sociedade mais justa, com emprego decente e renda para todos, saúde e educação de qualidade, transporte e moradia dignos como fatores de distribuição de renda e para a construção de uma sociedade igualitária, com oportunidades para todos”.
Miguel Torres
presidente da Força Sindical, CNTM e Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes