Líder da central diz que acordos de flexibilização do emprego já ocorrem na prática e que continuar diálogo é “chover no molhado”
Sindicato dos Metalúrgicos de SP diz que 110 empresas já procuraram a entidade para negociar alternativas às demissões desde o dia 12
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, disse que ainda avalia se retomará as discussões com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre flexibilização do emprego. As negociações deveriam ser retomadas nesta semana, após uma interrupção de cerca de dez dias motivada pela afirmação de empresários de que não seria possível garantir empregos mesmo se os trabalhadores aceitassem flexibilizar seus contratos de trabalho.
“O que se queria a gente já conseguiu, que era criar uma condição de negociação, e não de demissão. Acordos já estão acontecendo. O acordo que nós estávamos discutindo com a Fiesp, na verdade, não era um acordo. É um protocolo, que iria orientar os sindicatos do Brasil inteiro. Só oficializaria o que já está acontecendo, seria chover no molhado”, disse ele.
O líder da Força destacou que a central sindical deve começar a pressionar mais o governo para que sejam anunciadas medidas como a ampliação do seguro-desemprego e outras ações que possam estimular o crescimento da economia e a geração de postos de trabalho. “Já conversei com o [ministro do Trabalho, Carlos] Lupi, mas ele está misterioso. Ele está com um projeto para o seguro–desemprego e não quer me contar”, brincou o sindicalista.
O ministro afirmou, no fim de semana em São Paulo, que a pasta estuda medidas para amparar os trabalhadores demitidos. “Quero anunciar [as ações] ainda neste mês, mas dependemos de cruzamentos de informações. O mais provável é que saiam na primeira semana de fevereiro.” Segundo Lupi, o ministério prevê que janeiro e fevereiro sejam meses difíceis para os trabalhadores e o governo estuda meios de estimular a geração de emprego.
Pressão por acordos
Segundo sindicatos de trabalhadores, cresce a pressão de empresários para adotar medidas de flexibilização do emprego, tais como redução de salário e suspensão do contrato.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, 110 empresas procuraram a entidade para negociar alternativas às demissões desde o dia 12 de janeiro, quando muitas das empresas em férias coletivas no Estado retomaram a produção.
“Desde que detectamos possibilidade de demissões e buscamos o entendimento, as empresas têm nos consultado, mas isso não significa que todas fecharão acordos”, afirma Miguel Torres, líder do sindicato, ligado à Força Sindical, que defende acordos entre empresários e sindicatos para evitar demissões de funcionários.
A entidade representa 260 mil trabalhadores em 11 mil empresas. De acordo com Torres, cerca de 20 companhias em São Paulo e Mogi das Cruzes estão prestes a firmar acordos. Ele afirma que em todas as negociações o sindicato conseguiu garantir benefícios além dos que estão previstos na legislação. “Não existe flexibilização. Até melhoramos o que está na CLT”, afirma.