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FMI reduz previsão de crescimento mundial em 2011 e 2012

Valor Econômico

Alex Ribeiro

WASHINGTON – As economias avançadas e emergentes vão crescer menos neste e no próximo ano, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgadas no relatório “Panorama Econômico Mundial”.

A economia mundial irá se expandir 4% em 2011, ante 4,3% previstos pelo FMI em sua projeção anterior, divulgada em junho. Para 2012, a expectativa é de crescimento também de 4%, abaixo dos 4,5% estimados anteriormente.

As projeções foram revistas para baixo devido a crise na Europa, fraco consumo e investimentos nos Estados Unidos, terremoto no Japão, alta dos preços do petróleo e instabilidades políticas no Oriente Médio, na chamada Primavera Árabe.

As perspectivas se tornaram menos favoráveis sobretudo para as economias avançadas, cuja projeção de crescimento caiu de 2,2% para 1,6% em 2011, e de 2,6% para 1,9% em 2012.

Embora em menor grau, as projeções para as economias emergentes também foram revistas para baixo, mostrando que não passarão imunes às recentes turbulências nos países desenvolvidos. O crescimento projetado para os países emergentes foi revisto de 6,6% para 6,4% em 2011, e de 6,4% para 6,1% em 2012, na comparação com os números divulgados pelo FMI em junho.

A economia americana deve se expandir 1,6% em 2011, ante 2,2% estimados em junho, e 1,9% em 2012, ante 2,6% da projeção anterior. O crescimento projetado para a zona do euro em 2011 caiu de 2% para 1,6%, e de 1,7% para 1,1% em 2012.

No caso do Japão, é esperada contração de 0,5% neste ano, ante 0,3% antes estimado, e expansão de 2,3% em 2012, abaixo dos 2,9% inicialmente esperados.

Entre os países emergentes, a projeção de crescimento da China foi reduzida de 9,6% para 9,5% em 2011, e de 9,5% para 9% em 2012. O crescimento do Brasil foi revisto de 4,1% para 3,8% em 2011, e mantido em 3,6% para 2012.

Apesar de rever para baixo as projeções, o FMI continua a acreditar na expansão da economia mundial nos próximos anos, descartando por ora o cenário de novo mergulho recessivo. “As evidências apontam para um crescimento continuado, mas desigual”, afirma o FMI, assinalando que as economias emergentes seguirão à frente dos países desenvolvidos.

Mas a confirmação desse cenário, diz o organismo, depende de a Europa conter a crise na sua periferia, de o Congresso americano tomar medidas que garantam a solvência fiscal dos Estados Unidos no longo prazo sem prejudicar os estímulos à demanda agregada no curto prazo e de a volatilidade nos mercados não crescer ainda mais. “Fortes medidas são necessárias para melhorar as perspectivas de crescimento e reduzir os riscos”, afirma o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, em carta que abre o relatório.

O FMI afirma que estão em curso algumas forças expansionistas importantes que, na ausência de uma nova crise, tendem a puxar a economia e evitar um novo mergulho recessivo. A economia japonesa já se recupera dos efeitos do terremoto e volta a crescer, os preços do petróleo e de alimentos recuaram e a demanda nos países emergentes continua aquecida.

Uma das forças, por outro lado, que seguram a expansão econômica é o fraco consumo e investimento em países desenvolvidos. “O desemprego provavelmente irá permanecer alto por algum tempo”, afirma o FMI. Os preços dos imóveis não dão sinais de estabilização nos Estados Unidos, o que segura o consumo de famílias endividadas, diz o relatório.

Blanchard admite que o FMI não foi capaz de reconhecer no começo do ano que as economias desenvolvidas se recuperavam muito devagar.

As recentes turbulências na Europa, afirma o FMI, também estão se transmitindo para a economia real. E o ajuste fiscal feito nos Estados Unidos, que inclui corte de gastos públicos em 2011 e 2012, age para conter a demanda agregada.

O Panorama Econômico Mundial é divulgado às vésperas do encontro anual do FMI e do Banco Mundial, que acontece em Washington nesta semana. Também estão agendados encontros dos países que formam os Brics (Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul) e o G-20, que reúne as principais economias desenvolvidas e emergentes. (Alex Ribeiro | Valor)