Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Faturamento da indústria volta a cair




Depois de altas em fevereiro e março, receitas do setor recuaram 1,9% em abril e encerram quadrimestre 8,4% menores

 

Desemprego subiu pelo sexto mês seguido, o que revela baixa expectativa dos empresários quanto a uma forte recuperação, diz CNI

 

JULIANA ROCHA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

 

Os indicadores da indústria apresentaram piora em abril, segundo pesquisa divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Enquanto o desemprego subiu pelo sexto mês consecutivo, o faturamento voltou a cair.


Na comparação livre de fatores sazonais, o emprego caiu 1,1% sobre o nível de março. Foi a maior queda observada em seis anos, desde que a pesquisa começou a ser feita. “A redução do emprego sinaliza que as empresas não estão com expectativa de grande demanda à frente”, diz Flávio Castelo Branco, economista-chefe da CNI.

O faturamento das empresas, que chegou a crescer em fevereiro e março, caiu 1,9% em comparação com o mês anterior, depois dos ajuste sazonais. Se comparada com abril de 2009, a queda no faturamento foi de 10,7%. No primeiro quadrimestre, a redução é de 8,4%.

Para a CNI, um dos motivos para o faturamento menor em abril foi a volta da valorização cambial, de 4,7% em média naquele mês. Castelo Branco lembra que o mercado externo representa um terço dos clientes da indústria. Com a desvalorização do dólar, as empresas faturam menos.

Segundo ele, a indústria está em uma fase de transição entre a queda brusca da produção no último trimestre de 2008 e uma leve recuperação neste ano. Ele argumentou que é normal, durante essa transição, alguns indicadores mensais apresentarem dados mais negativos que outros.

Um exemplo disso é o aumento da utilização da capacidade instalada, ou seja, o aumento de atividade nas fábricas. A utilização dos equipamentos subiu de 78,8% em março para 79,2% em abril, mostrando que, apesar da queda de faturamento, as empresas estão produzindo um pouco mais do que no mês anterior.

Castelo Branco diz que o cenário ainda é “bem negativo”. Para ele, a recuperação só vai acontecer no segundo semestre deste ano.

Rogério César de Souza, economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), alerta de que tão preocupante quanto a queda do emprego na indústria é a redução de 2,9% da massa salarial em abril em comparação com março. Este é o único indicador que não é apresentado sem os fatores sazonais.

“A queda dos rendimentos, da massa salarial, pode comprometer o consumo interno e levar a um agravamento da situação no setor produtivo. A economia entraria em um ciclo vicioso ruim”, disse.

O número de horas trabalhadas ficou praticamente estável em relação a março, na comparação dessazonalizada. O recuo foi de apenas 0,1%. Mas, em relação a abril do ano passado, as horas trabalhadas na indústria caíram 10%.