“Sempre gosto de ler o meu amigo Werneck Vianna e aprendo com ele.
Em um de seus últimos artigos, ele diz que com o Estado desbravador, com o mercado avassalador e com a multiplicidade das formas da sociedade civil (ele menciona, por exemplo, “um sindicalismo pujante, dotado de mídia própria e equipamentos sofisticados”), um observador se pergunta por que, com tudo isso, o Brasil não dá certo?
Segundo Werneck, falta a política.
Mas, meu amigo, quem disse que o Brasil não deu certo? Quem disse que falta política?
Acompanhemos, com sagacidade, a própria trajetória da República: começa com um Brasil desagregado, com a massa dos trabalhadores esfarrapados, famintos e desorganizados – ex-escravos sem eira nem beira e imigrantes sem mínimos direitos – e avança, passo a passo, cambaleando e tropeçando, até a conformação de um povo e uma nação íntegros que, nos três elementos citados por ele, se vertebraliza: constituição democrática de 88, estabilidade, crescimento e distribuição de renda e programa unitário do movimento sindical, como vemos acontecer hoje.
Nações outras, poderosas e orgulhosas, espelham-se em nosso país, que vai se afirmando com uma política que historicamente os comunistas defendiam e pode “dar lições ao mundo”.
Basta ver, na Alemanha, a recente busca do estabelecimento de um salário mínimo que aqui, entre nós, é a chave-mestra de uma POLÍTICA – estatal, mercadológica e trabalhista – capaz de enfrentar as crises e fazer avançar a civilização brasileira”.
João Guilherme Vargas Neto, consultor sindical