Se as empresas não aumentarem o salário desses profissionais até 2015, vai sobrar vaga
Carolina Dall’Olio
Quem tem um diploma de engenheiro ou pretende ingressar nesta carreira pode ficar tranquilo: ao menos até 2015, se o País crescer no ritmo previsto (5% ao ano), o emprego para profissionais do ramo estará garantido. Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que, em 2015, haverá 1.348.487 postos de trabalho para engenheiros no País, mas apenas 1.099.239 profissionais dispostos a ocupar essas vagas.
O trabalho do Ipea, entretanto, mostra que até haveria gente suficiente para suprir a demanda. O problema é que hoje, de cada sete engenheiros existentes no mercado, apenas dois exercem a profissão. Os demais atuam em outras aéreas, em especial no mercado financeiro, que oferece salários mais atrativos para a categoria.
Mas desta conclusão surge outra boa notícia para quem tem o diploma do curso de engenharia: se as empresas não estiverem dispostas a enfrentar um apagão de mão de obra, elas terão de oferecer salários melhores para atrair os engenheiros formados para sua função inicial.
E esse aumento na remuneração dos trabalhadores da categoria, que é dado como inevitável, vai beneficiar não apenas aqueles que forem contratados a partir de agora, mas também quem já estiver empregado. “O estudo mostra que o Brasil, se quiser continuar apresentando bons níveis de crescimento, está diante de duas possibilidades: ou as empresas precisarão reajustar o salário dos engenheiros para que eles exerçam a profissão ou será necessário aumentar o número de formados de agora em diante”, resume Agnaldo Maciente, um dos responsáveis pela elaboração do boletim do Ipea.
O Instituto relata que cerca de 50 mil universitários concluem o curso de Engenharia por ano. “Pelas próprias características do curso, que é longo e custoso para o aluno, é mais prático pensarmos num aumento dos salários do que na ampliação do número de formados”, opina Maciente.
Para que o País não sofresse com a falta de profissionais do ramo até 2015, seria necessário que dois a cada cinco engenheiros formados seguissem a carreira – em vez de dois em cada sete. Desse modo a demanda se igualaria à oferta, mesmo que a economia cresça 5% ao ano até lá.
Mas, ainda assim, haverá setores que sofrerão para preencher as vagas disponíveis. A engenharia naval e a bioengenharia são alguns exemplos. Além destas, a engenharia civil, pela franca expansão do setor, também corre este risco.