De Brasília
O grau de endividamento dos brasileiros mais do que duplicou desde o primeiro ano do governo Lula. Segundo o Banco Central, o nível de endividamento das famílias, isto é, a relação entre crédito e massa salarial, saltou de 12,2% no primeiro trimestre de 2003 para 26,5% no segundo trimestre deste ano. O crédito tem sido, diz o BC, “determinante” para a sustentação do consumo.
Utilizando nesse cálculo o conceito de massa salarial apurado pelo IBGE por meio da Pesquisa Mensal de Emprego em seis capitais, o BC concluiu também que o comprometimento de renda com o pagamento de dívidas apresentou, no mesmo período, salto de 22,9% para 31,3%. Já o serviço da dívida chegou a 30,4%.
Embora a massa salarial esteja crescendo de forma significativa – 9,6% em agosto, face ao mesmo mês de 2007 -, o crédito tem crescido em ritmo ainda mais forte, o que sugere elevação do endividamento. A boa notícia é que, segundo o BC, o nível de inadimplência está “contido” – no segmento pessoas físicas, atingiu, conforme o Relatório de Inflação, 7,3% em julho, com alta de 0,2 ponto percentual no trimestre e em 12 meses.
O que explica isso, segundo o BC, é o crescimento dos empréstimos que oferecem garantias ao credor, como os consignados em folha de pagamento e os financiamentos para aquisição de bens duráveis, especialmente, automóveis. A combinação de juros mais baixos e alongamento dos prazos médios das operações também tem ajudado a manter a inadimplência em níveis toleráveis.
“O crescimento (do endividamento das famílias) não compromete a estabilidade financeira, tendo em vista a concentração em operações de baixo risco de inadimplência”, sustenta o Relatório de Inflação. (CR)