Em 15 anos, uma nova realidade poderá passar a dominar as fábricas brasileiras: a fusão entre robôs, sistemas integrados de informação e inteligência artificial vai impor uma nova forma de produção e de relações de trabalho. A previsão é de Jorge Marques, pesquisador da Fundacentro, e Mônica Veloso, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e da CNTM, que foram palestrantes no Encontro da Juventude Metalúrgica, realizado no sábado, 30 de junho, na sede do Sindicato.
Uma mudança que tende a abalar as estruturas econômicas e sociais como é esta, requer preparação e cobrança dos trabalhadores para que não seja criado um exército de desempregados por serem considerados obsoletos e desnecessários para a indústria. E o Brasil está bem atrasado neste debate. Economias como Alemanha, Estados Unidos, China e Japão despontam nessa discussão e, consequentemente, tendem a impor a posição de economias como o Brasil neste jogo.
“É preciso inserir o trabalhador nessa discussão e cobrar responsabilidade do Estado e das empresas para que haja preparo dos trabalhadores para enfrentar esse desafio. O nosso lugar na economia global depende disso, mas a gente têm de exigir que o trabalhador seja escutado e que haja estratégias de inserção responsável”, defendeu Mônica Veloso.
No Brasil, o sistema autônomo de condução da linha 4-Amarela do metrô é um exemplo de indústria 4.0. Outro exemplo são as caixas de supermercado que não têm operadores.
Toda essa mudança, que à primeira vista parece positiva, tende a gerar duras consequências. A mais visível é o desemprego, principalmente, com a defasagem educacional que temos no Brasil. Mas há outra, que irá se tornar crônica: transtornos mentais, como ansiedade e depressão.
O alerta foi de Jorge, da Fundacentro. Ele citou como exemplo, o suicídio em massa de 20 trabalhadores, na fábrica Foxcon, na China, que produz os produtos da Apple. “Tinha robôs acompanhando os trabalhadores, a um ritmo tão alucinante. Os trabalhadores dormiam dentro da fábrica, porque o trabalho deles era intermitente, então, eles não podiam correr o risco de perder a chance de trabalhar no outro dia. O que aconteceu? Suicídio em massa”.
Por isso, essa foi a primeira de uma série de discussões que o Sindicato fará com a categoria sobre o assunto. Fique atento, participe!
Por Cristiane Alves
Assessora de Imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco