Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

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Empresas pressionarão por cortes maiores

Para empresários e sindicalistas, tombo do PIB exigia mais ousadia

Cleide Silva, Renato Cruz e Alberto Komatsu

A reação de empresários, sindicalistas e economistas ao corte de 1,5 ponto porcentual na taxa de juros foi a mesma: a redução está correta, mas poderia ter sido maior depois do resultado alarmante do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008, que caiu 3,6% ante os três meses anteriores.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, disse que a decisão frustra a sociedade, os agentes produtivos e a indústria brasileira. “Esse movimento de aceleração no corte dos juros, ainda que na direção correta, não tem a intensidade necessária no momento.”

Monteiro acredita que a decisão mostra que o Banco Central avançou pouco e ainda mostrou “descompasso com o esforço de se evitar a recessão e suas consequências danosas ao País, às empresas e ao emprego”.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Jackson Schneider, lamentou o fato de o anúncio de queda não ser acompanhado de um viés de baixa. “Mostraria boa vontade futura do Banco Central.” A queda de 1,5 ponto foi vista como “bom começo”, desde que chegue rapidamente à ponta do varejo.

A Federação do Comércio (Fecomércio/SP) também defendeu mais ousadia do Copom em razão do agravamento do processo crítico da economia mundial e brasileira. “A redução foi insuficiente; o cenário internacional está pior do que o BC tinha por hipótese meses atrás e outros bancos centrais já reduziram suas taxas para algo próximo de zero”, disse Abram Szajman, presidente da entidade. “Nós ainda estamos em dois dígitos.”

Em tom mais ameno, o presidente da Associação da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Humberto Barbato, declarou-se surpreso com a decisão. “Pelo que se nota, eles finalmente estão preocupados. Pelo conservadorismo do Copom eu acreditava num corte de 1 ponto.” Ele considerou a decisão acertada, pois o País não tem no momento nenhum tipo de pressão inflacionária.

Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, vê a decisão como “nefasta para os trabalhadores”. Ele criticou os “insensíveis tecnocratas do BC por perderem a oportunidade de afrouxar um pouco a corda que está estrangulando o setor produtivo, que gera emprego e renda”. A queda no PIB, disse, é resultado da hesitação do Copom em baixar os juros de forma mais agressiva.

O presidente da CUT, Artur Henrique, disse que “a queda, tardia, deveria ter sido maior.” Em sua opinião, o País ainda tem chances de registrar crescimento em 2009, mas isso depende muito do fortalecimento do mercado interno, “e isso passa necessariamente pela defesa de empregos e salários”.

CONSUMO

O recuo de 1,5 ponto na Selic é bom sinal para a confiança do consumidor, mas não é suficiente para estimular o consumo no curto prazo, avaliou o economista Aloísio Campelo, da FGV. “Só uma mensagem clara de aceleração da economia pode gerar retomada forte da confiança do consumidor”, disse. Para ele, só a queda mais sistemática dos juros pode incentivar a intenção de compra. Lembrou ainda que o recuo da Selic na economia real leva tempo para surtir efeito. “Alguns falam em 3 a 6 meses, ou mais”.