ADRIANA KÜCHLER – DE BUENOS AIRES
De julho de 2007 a junho deste ano, as duas empresas com melhor desempenho na Bolsa de Comércio de Buenos Aires eram brasileiras.
Em primeiro, com ações que subiram 153% em um ano, ficou a Quickfood, subsidiária do grupo frigorífico brasileiro Marfrig. Em seguida, com rendimento de 148% em 12 meses, ficaram as ações da Petrobras.
O resultado é relativo aos informes anuais enviados pelas empresas à Bolsa local no dia 30 de junho, com dados sobre a variação do valor das ações e suas variações no período.
O Quickfood, único frigorífico e processador de carnes que tem suas ações na Bolsa de Buenos Aires, já esteve outras vezes com o melhor desempenho na Bolsa, mas nunca com um crescimento tão alto, segundo seus diretores.
Quando o grupo Marfrig comprou 70,5% da empresa, no ano passado, por US$ 140 milhões, o valor da ação subiu de 8 pesos para 15 pesos. Na sexta-feira passada, fechou em 24,30 pesos.
Para o diretor de Relações com o Investidor e de Relações Institucionais do Marfrig, Ricardo Florence, o resultado reflete a decisão de investir em uma marca líder de mercado, mantendo quase toda a equipe argentina.
“A empresa já era muito bem gerida, mas com o investimento brasileiro se valorizou e foi para outro patamar.”
Segundo o vice-presidente da Quickfood, Miguel Gorelick, para este ano e o primeiro trimestre de 2009, o Marfrig deve investir US$ 22 milhões nas oito fábricas da subsidiária, que prevê um faturamento de US$ 550 milhões para 2008.
A empresa apresenta bons resultados apesar de que, em maio, teve que paralisar uma de suas unidades de abate por dez dias, devido à demora da concessão de licenças para a exportação de carne pelo governo argentino e à acumulação de estoques.
Já a valorização das ações da Petrobras, negociadas na Bolsa argentina desde abril de 2006, seria apenas o efeito do mesmo processo ocorrido com as ações da empresa nas Bolsas de São Paulo e Nova York, segundo o gerente de relações com o investidor da empresa, Alexandre Fernandes.
Tendência internacional
“A valorização não é causada pelo desempenho da empresa na Argentina, pequeno se comparado às ações no Brasil”, afirma Fernandes.
“Mas corresponde ao aumento das ações nas outras Bolsas, como conseqüência das descobertas na camada do pré-sal, do aumento do preço do petróleo e do desempenho operacional da empresa”, diz.
A Argentina é um dos poucos lugares em que as ações da subsidiária da Petrobras, nesse caso a Petrobras Energía, também conta com negócios na Bolsa local.
No dia 6 deste mês, quando a Petrobras Energia anunciou que obteve um lucro de 397 milhões de pesos (R$ 214 milhões), as ações da empresa subiram 7,32%, impulsionando a alta do índice Merval.